A vereadora Valdete Savaris (PPS) confirmou à equipe de reportagem do Extra de Rondônia que irá utilizar a tribuna da câmara de vereadores, na manhã desta terça-feira, 14, para questionar a qualidade da merenda escolar que está sendo ofertada aos alunos da rede pública municipal de ensino em Vilhena.
Segundo a parlamentar, a alimentação dos alunos é escassa, e em alguns casos de baixa qualidade.
Em visita à escola Aparecida da Silva, no final da semana passada, a parlamentar encontrou um estoque de alimentos o qual definiu como insuficiente para alimentar mais de 200 crianças lotadas na instituição de ensino. “A carne aqui vem com pelanca. Há semanas a escola não recebe frango, e não há alimentação especial para crianças com rejeição à lactose, e com problemas de diabetes”, reclamou.
Valdete contou que passou por todas as escolas da rede municipal, exceto as unidades das linhas rurais, segundo ela, por falta de tempo. “Em todas constatei irregularidades na merenda escolar, e ouvi reclamações quanto à qualidade da alimentação enviada às escolas. Vou averiguar todas elas”, garantiu. As visitas nas entidades de ensino foram feitas em parceria com a vereadora Maria José da Farmácia (PDT) que constatou de perto o problema.
Segundo a vereadora, para a escola Aparecida da Silva, o município enviou 5 kg de carne para a semana. “Além de ser carne de baixa qualidade, o total é insuficiente para atender mais de 200 crianças”, ressaltou.
O OUTRO LADO
A equipe de reportagem ouviu a Coordenadora da Merenda Escolar, da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), Vanda Machado Ally, sobre o assunto. Ela relatou que desconhece o problema com relação à quantidade de carne enviada às escolas, e ressaltou que as equipes gestoras das entidades têm autonomia para não receber alimentos fora dos padrões estipulados, e principalmente carne de baixa qualidade.
Vanda contou, ainda, que a lei diz que as instituições de ensino podem aceitar carne moída com, no máximo, 10% de seu peso total composto por gordura. “Carnes com pelancas e aparas são proibidas. Está na lei e temos que cumprir”, ressaltou.
Com relação à ausência de frango no cardápio da merenda, ela explicou que o município compra o produto da agricultura familiar para compor o investimento de 30% do repasse que o Governo Federal faz para o município, que neste ano foi de R$ 900 mil.
Ela disse que os agricultores locais não têm o produto à pronta entrega, fato que dificulta a compra da carne de frango. “O leite, os legumes, e algumas frutas inseridos no cardápio são adquiridos da agricultura familiar”, declarou.
A quantidade de frango necessária para abastecer a rede pública municipal de ensino é alta. São cerca de mil quilos por semana. “As aves ainda não estão em ponto de abate. Assim que estiverem serão compradas, e encaminhadas às escolas”, explicou.
O Governo Federal paga R$ 0,30 por aluno pela merenda escolar. O município por sua vez dá uma contrapartida para complementar o valor, e melhorar a alimentação das crianças. Segundo Vanda Machado, em 2014, o poder executivo já pagou mais de R$ 400 mil de merenda. O titular da SEMED, José Carlos Arrigo, disse ao Extra de Rondônia que o valor não foi suficiente para finalizar o ano, e que o município terá que arcar com mais recursos para não faltar a comida das crianças nas escolas.
Vanda Machado Ally disse, ainda, que há um estabelecimento legal fixado em 20% da necessidade básica de alimentação de uma criança que a merenda escolar tem que suprir. “Aqui em Vilhena essa porcentagem é de 39% a 40%”, argumentou.
Por sua vez, Valdete Savaris informou que irá agendar uma reunião com a coordenadoria de merenda para debater sobre o assunto.
Texto: Extra de Rondônia
Foto: Extra de Rondônia