Ao contrário do silêncio reinante nas primeiras fases da operação policial que investiga supostos crimes de “colarinho branco” cometidos por integrantes da administração vilhenenses, na manhã de hoje a imprensa teve mais acesso a detalhes sobre as investigações a partir de representantes dos acusados e da Polícia Federal.
De um lado falou o advogado Roberto Mailho, que representa Gustavo Valmórbida, ouvido na manhã desta quarta-feira. Pela corporação falou o delegado Flori Cordeiro Miranda. O único que não fala nada é o prefeito Zé Rover, que não foi localizado pela reportagem do Extra de Rondônia.
Também foi confirmada a convocação de mais uma pessoa para prestar depoimento nesta data, assim como a exoneração de Gustavo Valmórbida e Bruno Pietrobon.
Mailho revelou que esta é a segunda vez que Gustavo está depondo neste inquérito, “prestando esclarecimentos e colaborando com as autoridades”. O advogado afirmou haver indícios que “funcionários e subordinados” podem ter cometido irregularidades, mas negou envolvimento de seus clientes e do prefeito Zé Rover.
Roberto Mailho disse que os crimes que estão sendo investigados são peculato, desvio de verbas e apropriação indébita. O advogado também declarou que “com intuito de não atrapalhar as investigações, Gustavo e Bruno também pediram exoneração de seus cargos” (Secretário de Governo e Chefe de Gabinete, respectivamente).
Mesmo não sendo representante de Luis Serafim, ex-secretário de Comunicação também implicado em inquérito, o advogado contestou valores que teriam sido revelados ao público dias atrás. “Houve mesmo problemas na SEMCOM, mas o valor é muito menor do que R$ 600 mil como foi publicado na imprensa”.
Ainda, de acordo com Roberto Mailho, documentos bancários das contas de Serafim serão juntados ao processo sustentando esta versão. A tendência, também, é que este processo seja desmembrado da investigação principal, posto tratar-se de verbas estaduais, cuja fiscalização não é de competência da Polícia Federal.
Por outro lado, o delegado Flori Cordeiro Miranda reiterou a condição de acusados da maioria dos ouvidos. “O inquérito ainda está em desenvolvimento, e apenas na conclusão ficará claro se as denúncias procedem ou se há inocentes. Os depoimentos de hoje acrescentam mais dados para sustentar o andamento das apurações”, disse.
O delegado revelou que Nicolau Junior, preso na sexta-feira passada, faz uso de seu direito constitucional de não falar nada, mas sua detenção é “importante, pois há elementos que indicam ser ele o elo entre envolvidos, e sua segregação estanca as ações do esquema”.
Sobre o ex-secretário de Comunicação, Flori não polemizou acerca dos valores que teriam sido desviados, porém afirmou se tratar de “crime consumado”. Quanto ao prefeito Zé Rover, o delegado explicou que em virtude de contar com foro privilegiado o administrador não pode ser intimado, mas deixou claro que isso pode ocorrer caso as investigações mostrem necessidade de tal procedimento.
Para complementar as informações já divulgadas sobre as ações desta quarta-feira foi confirmado que o servidor da Secretaria Municipal de Saúde Armando Ximenes também foi ouvido nesta manhã.
Texto: Extra de Rondônia
Fotos: Extra de Rondônia