O ex-diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) do município de Vilhena, Josafá Lopes Bezerra, esteve na redação do Extra de Rondônia na manhã desta quarta-feira, 2, para comentar a respeito da segunda fase da Operação Água Limpa, articulada pela Polícia de Civil de Vilhena com base em denúncias de possíveis esquemas de corrupção estabelecidos dentro da autarquia.
Ele finalmente abriu o jogo a respeito do seu pedido de exoneração: deixou o SAAE após descobrir as denúncias feitas e temia a possibilidade de ser preso. “Dá pra perceber que a denúncia foi orquestrada, pois algumas acusações como, por exemplo, ameaça a denunciante e destruição de provas, são fatores que podem resultar numa prisão preventiva. Como a pessoa que fez essas denúncias era minha subalterna, qualquer ação da minha parte poderia ser interpretada como ameaça. Por isso optei por deixar a autarquia”, revela.
Com relação à empresa que prestava serviços de informática ao SAAE, acusada pela Polícia Civil de Vilhena de ser uma empresa fantasma, o ex-diretor do órgão disse que a firma sempre prestou serviços à instituição pública. “Qualquer funcionário do SAAE confirma isso. O servidor e os equipamentos de informática da autarquia foram eles que instalaram. Além disso, prestaram manutenção periódica e cuidam do site do SAAE”, garantiu o ex-diretor.
Questionado acerca da auditoria feita pela própria prefeitura nas contas do SAAE, no ano de 2011, bem como a respeito do alerta feito ao contrato com a empresa de informática, Josafá disse não se lembrar do assunto. “Não me recordo. Preciso pesquisar em meus arquivos para comentar a respeito”, diz. Perguntado se havia conhecimento de que se tratava de uma empresa fantasma, o ex-dirigente foi enfático: “Não sabia. Ela tinha todas as características de ser uma empresa consolidada, pois qualquer firma que contrata com o poder público tem que apresentar documentação comprobatória de sua existência. Qualquer indício de irregularidade o contrato deve ser suspenso e o pagamento não é efetuado”, argumenta.
O ex-chefe do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Vilhena relatou, ainda, que a empresa foi vencedora de um processo licitatório, e por isso prestava serviço ao órgão público. “O SAAE precisava de serviços de informática; foi aberto um processo licitatório, a empresa ganhou a disputa e iniciou seu atendimento”, garante.
DOCUMENTOS APREENDIDOS
O ex-dirigente do SAAE relatou, ainda, que não sabe ao certo quais documentos a polícia apreendeu durante cumprimento de mandado de busca e apreensão realizado na última terça-feira, 1º, em sua residência. Ele disse que não estava no imóvel no momento da ação policial, porém acredita que se trata da apreensão de escrituras de alguns imóveis que possui.
PARABENIZOU
Josafá Lopes Bezerra fez questão de parabenizar a ação da Polícia Civil em sua residência. Segundo o ex-diretor, os policiais que deram cumprimento ao mandado de busca e apreensão agiram com total profissionalismo e isonomia. “Foram respeitosos e extremamente profissionais. Fizeram o que tinham que fazer e mantiveram tudo em seu devido lugar, não havia sequer sujeira na casa após a saída deles. Um trabalho que merece respeito”, enalteceu.
OPERAÇÃO ÁGUA LIMPA
As investigações da Polícia Civil sobre as denúncias de corrupção no SAAE foram oficialmente confirmadas no último dia 19 de fevereiro, quando investigadores da PC fizeram a primeira “batida” na sede do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Vilhena. Na segunda etapa pública da operação, cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos na última terça-feira, 1º, inclusive na casa de Josafá Bezerra.
A polícia relatou que a empresa de informática era fantasma, pois não havia nenhum tipo de lastro que confirmasse sua existência no comércio local, exceto “no papel”. O delegado regional da PC disse, durante entrevista coletiva à imprensa no final da manhã desta terça, que o marido de uma das sócias da empresa foi servidor comissionado da prefeitura até fevereiro deste ano. Ele ocupava um cargo na Central de Processamento de Licitações (CPL) da prefeitura de Vilhena.
O contrato com a empresa foi suspenso, e os envolvidos no caso estão proibidos temporariamente de frequentar qualquer órgão público municipal até a conclusão do processo investigatório.
Texto: Extra de Rondônia
Fotos: Arquivo/ Extra de Rondônia