Questões ambientais nunca estiveram tanto em debate como na última década. Projetos, programas e tudo que possa ser remetido à sustentabilidade é posto em questão.
Em Vilhena um intenso trabalho, o Programa Municipal de Limpeza Urbana, promete transmitir para a sociedade a realidade atual do meio ambiente da região, aliado a métodos que devem conscientizar cada pessoa sobre a importância de adotar medidas práticas a fim de minimizar os impactos causados pelo lixo urbano. Todo o trabalho é a base de preparação para a instalação do Saneamento básico que deve ser a maior obra da história de Vilhena.
Dentre as diversas ramificações desse Programa a destinação correta do lixo coletado na área urbana certamente movimentará a cidade e deverá contar com o apoio de toda a população para que as ações alcancem o objetivo e Vilhena possa ser exemplo.
A atual Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tem como princípio “o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania”, dentro desse contexto traça objetivos que visa a não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e a disposição adequada desses resíduos.
Considerando os dispostos na lei, chega-se a conclusão que o descarte a céu aberto sem um constante trabalho de sustentabilidade, mesmo biodegradável, não é o melhor destino para o lixo. Por consciência ou mesmo obedecendo à legislação, o lixo em Vilhena passou a ter um destino e o antigo lixão, utilizado por 16 anos, localizado a cerca de 10 km de Vilhena, é conhecido hoje como transbordo. O ponto foi cercado há menos de 30 dias, e somente os caminhões coletores de lixo têm autorização para entrarem na localidade.
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto e Vilhena (Saae), assumiu total responsabilidade sobre a coleta e destinação correta do lixo no dia 15 de março. O diretor adjunto e responsável pelo resíduo sólido, Guilheme Rodrigo Naré, explica o porquê dos caminhões coletores trafegam pelo antigo lixão e ainda descarregam o lixo da cidade no local. “O destino correto para o lixo é o Aterro Sanitário, só que ele fica cerca de 30 km da cidade. Nós temos seis caminhões pequenos que levam o lixo para o transbordo e outros três, conhecidos como caçambão que cabem maiores quantidades de resíduos, que recolhem este lixo o transferindo para o Aterro. No momento está impossível, até mesmo pela pouca quantidade de caminhões coletores na cidade, descarregar direto no Aterro”, afirma Naré.
Outro grande problema apontado por Naré, são os entulhos (concretos e demais materiais da categoria), que também já têm destinação certa. Uma empresa de Ariquemes instalada em Vilhena a pouco tempo, que possui caminhões trituram esses entulhos para que possam ser reutilizados como matérias para construção civil. “Os funcionários da Reciclagem Vilhena, empresa responsável pelo processamento do entulho da cidade, perdem muito tempo separando lixos de diversas espécies dos específicos do serviço. Essa perda de tempo atrasa o recolhimento desse lixo feito na cidade e assim não conseguimos alcançar essa demanda e manter a cidade limpa”, observa.
ATERRO SANITÁRIO
No aterro o trabalho ambiental continua e uma área com cerca de 380 alqueires está disponível para o aterramento do lixo que já foi antes selecionado e separado dos que serão reutilizados e reciclados.
Grandes valas são abertas em que a cota da superfície de fundo esteja no mínimo 3m acima do lençol freático. Essas valas, agora conhecidas como células, são revestidas por uma geomembrana, uma lona preta chamada Polietileno de Alta Densidade (PEAD), que em geral tem espessura de 1,5mm ou 2mm. Essas geomembranas garantem que o solo não seja contaminado pelas diversas bactérias existentes no lixo depositado ali.
A primeira vala aberta no Aterro de Vilhena já recebe o lixo desde início de dezembro do ano passado e ainda não foi lacrada, visto que o lixo será depositado até alcançar proximidade da superfície, considerando que por se tratar de lixo biodegradável, o mesmo se comprime, liberando espaço para o depósito de mais.
O engenheiro ambiental do Aterro, Sam Borella, explica que essa primeira vala já está atingindo seu nível e deverá ser fechada. “Nós utilizamos argila para lacrar a célula, e devido a mesma ser feita a céu aberto, iremos aproveitar a estiagem da chuva para fazer esse encerramento, sendo que a cobertura final é feita com terra e depois plantado grama ou outra planta”, explica o engenheiro.
Para garantir a eficiência do sistema de impermeabilização, que evita que os líquidos do lixo chamados de chorume se infiltrem contaminando solos e água subterrânea, é colocado um colchão de areia e um dreno chamado “testemunho” abaixo da lona plástica impermeabilizadora. Este dreno é recolhido para fora da vala, em uma espécie de lagoa que conterá bactérias, as quais exploradas de maneira correta não causam prejuízo à saúde e nesse caso descontaminam o chorume. As anaeróbias, que trabalham sem oxigênio, estão na primeira lagoa e depois que essa bactéria realiza seu trabalho, esse liquido é enviado para uma segunda lagoa e que agora conterá bactérias aeróbias, que trabalham com oxigênio. Por último a lagoa facultativa, que serve de descanso e análise desse líquido que poderá ser utilizado para irrigar a grande plantação de Eucalipto já existente na área do Aterro de Vilhena.
Sam também explica que o Eucalipto é a escolha mais certa que poderá ser plantada na área da célula que será reflorestada, por se tratar de uma árvore que colabora com o aspecto visual e contribui com possíveis odores que o local possa exalar.
FIM DO LIXÃO
A área de 30 hectares do lixão agora pedirá uma revitalização e descontaminação. Segundo a engenheira sanitarista da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), Vanessa Ribeiro Murcilio, o projeto para esse trabalho já está para aprovação no MP. “Todo um trabalho de impermeabilização, drenagem e sistema de cobertura será feito no local, levando em consideração a nascente de um rio que existe na área em questão. O segundo passo depois é o reflorestamento do local”, explica Vanessa.
A fim de extinguir de vez o conhecido lixão um trabalho será desenvolvido diretamente com a sociedade. O diretor do Saae, Josafá Beserra explica que agora a própria população terá de se conscientizar que trabalhando junto com o órgão e a prefeitura o objetivo será alcançado. “O próprio morador fará a seleção, separando o lixo em casa, que será recolhido posteriormente pelos coletores. Quando essa coleta seletiva começar trabalharemos melhor essa questão e ensinaremos como essa seleção deverá ser feita. O importante é que o cidadão tenha consciência de que sua ação refletirá no meio ambiente amanhã e pensar no que exatamente estamos deixando para nossos herdeiros”, comenta o diretor.
CUSTO
Cerca de 80 toneladas de lixo é levado para o Aterro por dia e aproximadamente 200 mil é pago por mês para o descarte do lixo da cidade nesse local, que também recebe lixo de Cacoal, Presidente Médici e Castanheiras.
Visto todo o custo que o novo sistema de coleta de lixo traz , o Saae já alerta que será cobrada uma taxa de lixo, efetuada possivelmente na própria conta de água, levando em consideração valores por bairro e localidade em que o setor receberá mais vezes a visita do caminhão coletor.
Ainda em fase de adaptação o subitem Resíduos Sólidos do Programa Municipal vai ganhando dimensão e procurando conscientizar a população enquanto ainda algo pode ser feito.
Texto e Fotos: Assessoria