Um ano após a morte da designer Abla Grassan Rahhal da Cunha, ocorrida no dia 27 de abril de 2013 na casa onde morava, em Vilhena (RO), a mãe da jovem, Suraia Azanki, 57 anos, fala sobre como foram os últimos meses sem a filha e o desejo por justiça. “Eu não posso dizer quem é o culpado. Só sei que desejo justiça pelo que fizeram com a minha filha. Justiça divina”, afirma. O marido de Abla, Fabiano Vergutz, está preso e é apontado como o principal suspeito pelo crime. A defesa tenta evitar que ele vá a júri popular, que ainda não tem data definida.
“Neste um ano, não teve um só dia que não pensei nela, naquele sorriso”, diz Suraia, que mora em Taguatinga (DF). Ela conta que a filha foi criada com muita educação e sempre recebeu muito carinho dos pais. No dia da morte da empresária, foi levantada a hipótese de suicídio, tendo em vista que o corpo foi encontrado pendurado por uma corda no pescoço, entretanto a mãe diz não ter acreditado por nenhum momento nesta teoria. “Eu a conhecia. Por mais que ela passasse por dificuldades na vida, ela nunca pensaria uma coisa dessas”, afirma.
Na madrugada do dia 27 de abril do ano passado, Azanki diz ter acordado por volta das 3h, com angústia e calafrios. “Eu pensei que era eu quem iria morrer naquele dia, mas poucas horas depois recebi a notícia. Gritei muito”, relembra. A mãe de Abla preferiu não falar sobre o ex-marido da designer, Fabiano Vergutz, preso preventivamente desde junho do ano passado.
Sobre as suspeitas de que Abla era usuária de drogas, levantadas no processo por testemunhas, Suraia diz ser inverídicas estas informações. “Tenho certeza que ela nunca mexeu com isso, porque eu a conhecia bem. Preferia ter morrido antes dela”, diz a mãe.
Segundo Suraia, a filha de Abla, que foi quem encontrou o corpo da mãe, passou por diversos tratamentos psicológicos ao longo do último ano e atualmente mora em Porto Velho, na casa de um familiar. A filha de Abla também é órfã de pai. “Ela está bem”, afirma.
Daniel Benvindo, 38 anos, era amigo de Abla. Os dois se conheceram em 2008, quando ela morava em Porto Velho. “Ela era minha aluna na faculdade. Chegou tímida, mas duas semanas depois começou a se soltar e viramos amigos”, relembra. De acordo com o professor de informática, a empresária era uma batalhadora e sempre quis ajudar aos amigos e também pede justiça para o caso.
“Eu quero justiça não apenas porque ela era minha amiga, mas também pelos vários casos do quais mulheres são vitimas por todo o país. Temos que acabar com esse machismo”, afirma Daniel. O professor universitário diz estar acompanhando o processo na justiça de perto.
PROCESSO JUDICIAL
Em setembro do ano passado o Tribunal de Justiça de Rondônia decidiu que o suspeito do crime, Fabiano Vergutz, fosse a júri popular, mas defesa recorreu da decisão, alegando não haver provas suficientes que pudessem mostrar a participação de Fabiano no crime, mas a justiça indeferiu o pedido.
De acordo com o advogado Mario Torres, a defesa deve fazer um novo pedido de recurso em Brasília. “Nós não estamos discutindo que não houve crime e sim que meu cliente não é culpado, por isso pedimos pela impronuncia do Fabiano no tribunal”, afirma.
Torres disse que Fabiano está abalado psicologicamente por conta da prisão, mas que ele tem recebido a visita e o apoio da família semanalmente. A expectativa agora, segundo o advogado, é de que o julgamento seja realizado em agosto deste ano.
A reportagem entrou em contato com a promotoria de Vilhena para saber mais detalhes sobre o processo, mas até a publicação deste reportagem não recebeu retorno. O Ministério Público de Rondônia acusa Fabiano Vergutz de ter asfixiado e estuprado a vítima na noite do crime.
O CASO
Abla Ghassan foi encontrada morta pela própria filha, no dia 27 de abril, na casa onde morava, no Bairro Cohab. Os primeiros laudos revelaram que a designer havia sido estrangulada até a morte. As investigações, conduzidas pela Polícia Civil de Vilhena, apontaram que o autor do assassinato foi o marido da designer.
No dia 3 de junho, a polícia pediu a prisão preventiva de Fabiano. Com a conclusão do inquérito, o caso foi encaminhado ao Ministério Público de Vilhena. Ao G1, no dia 25 de junho, o promotor do caso disse que Abla também foi estuprada na noite do crime. Em julho, a defesa de Fabiano entrou com pedido de habeas corpus, mas o Tribunal de Justiça de Rondônia negou.
Autor e foto: Jonatas Boni – G1