Para grande parte dos trabalhadores brasileiros, ficar mais de 15 dias “encostado” por causa de doença, o salário é reduzido ao mínimo de R$ 724,00. Mas para alguns privilegiados, pedir licença de 45 dias para tratamento de saúde significa férias sem perda alguma de salário e demais benefícios.
É o caso do deputado federal Nilton Capixaba (PTB). Ele pediu licença para tratamento médico por 45 dias desde o dia 7 de maio, mas não perdeu uma única vantagem.
Recebeu os R$ 26.723,13 de salário, usou a cota de verba indenizatória em maio e também no início de junho e pior, usou os dias do “tratamento de saúde” para fazer reuniões políticas, entrega de tratores e eventos partidários.
Basta um click no perfil do parlamentar no Facebook para o leitor acompanhar as atividades diárias do deputado. A denúncia foi publicada nesta semana pelo jornalista Alan Alex.
Pesquisando com mais detalhes a página da Câmara dos Deputados, é possível perceber que Capixaba não só usou os dias de “tratamento” para fazer política como também pediu reembolso de despesas que teve no Estado de Rondônia. No mês de maio, Capixaba apresentou Notas Fiscais no valor de R$ 22.741,50.
Ele diz que teve despesas com combustível (R$ 2.809,62), serviços postais (R$ 258,56), telefone (R$ 1.473,02) e pagou para divulgar suas notícias nos jornais (R$ 18.200,00). No mês de junho (ainda no período de “tratamento de saúde”), o deputado do PTB já apresentou NFs de divulgação de atividade parlamentar (R$ 8.700,00) e serviços postais (R$ 208,03).
Candidato a reeleição, Capixaba anda peregrinando entre os grupos políticos para encaixar o PTB nas coligações proporcionais. Ele é um velho conhecido da Justiça.
Segundo a Revista Veja, edição do dia 5 de maio de 2012, o deputado rondoniense, segundo depoimento dos irmãos Vedoin, teria recebido R$ 646 mil para favorecer a quadrilha dos sanguessugas. “Em um dos diálogos, gravados pela polícia, uma assessora do deputado repassa a Vedoin uma senha de uso exclusivo dos parlamentares, com a qual o empresário poderia indicar o destino das emendas”, diz a publicação.
Ainda, segundo a revista, Capixaba deixou a Mesa da Câmara, mas escapou da cassação. Não se elegeu em 2006 – mas continuou usando apartamento funcional, conforme o jornal Folha de S.Paulo mostrou em 2007.
Em outubro de 2008, o Ministério Público em Mato Grosso denunciou Capixaba e outros cinco parlamentares como integrantes do braço político da máfia dos sanguessugas. As acusações: corrupção passiva, lavagem de dinheiro, fraude e formação de quadrilha.
Em 2010, Capixaba ganhou novo mandato de deputado federal e voltou a gozar de foro privilegiado. O processo foi então devolvido ao STF, onde corre sob segredo de Justiça.
O site deixa espaço ao parlamentar para eventuais esclarecimentos.
Texto: Rondoniagora
Foto: Divulgação