Com exclusividade para o Extra de Rondônia, o candidato ao Governo de Rondônia, Mariton Benedito De Holanda, conhecido como Padre Ton (PT), expõe seu plano de governo.
A entrevista é a segunda publicada no site dos candidatos majoritários, conforme determina a Lei Eleitoral. O primeiro foi o candidato Confúcio Moura (PMDB), da coligação “Rondônia no Caminho Certo” (http://www.extraderondonia.com.br/2014/08/01/ao-apresentar-plataforma-de-campanha-confucio-garante-nao-reagirei-a-ataques-bobos/)
O interesse do material é único e exclusivamente jornalístico e visa apesentar à população o perfil, e o que pensa, cada candidato que disputa o governo de Rondônia.
As respostas enviadas ao Extra de Rondônia não foram editadas, conforme compromisso feito ao candidato. Em tempo, o site informa que as mesmas perguntas foram enviadas a todos os cinco candidatos ao governo.
Na entrevista, Padre Ton afirma que “espera ser o próximo governador visando implantar uma gestão comprometida com os interesses da população e não de grupos”.
>>> CONFIRA, ABAIXO, A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:
EXTRA – Os valores que serão gastos na campanha anunciados pelos candidatos a governador, se divididos pelo salário ao qual o candidato irá ganhar caso assuma o mandato torna-se incompatível e incoerente. Senhor candidato, compensa tanto gasto?
PADRE TON – As campanhas, de fato, são caríssimas. O Extra de Rondônia pode conferir no portal do TSE que a nossa campanha é uma das mais modestas. Fiz uma campanha pé no chão na eleição para deputado federal, e agora, na de governador, traçamos estratégias para otimizar nossos gastos, porque nossa chapa não conta com aliados de recursos. Infelizmente o poder econômico tem um peso grande nas eleições, e isso está sufocando o surgimento de novas lideranças políticas no Brasil. Defendo a revisão do sistema político-eleitoral, com uma nova forma de financiar campanhas. O que posso acrescentar a sua pergunta é que não se trata, pelo menos para mim, de compensar ou não os gastos. Desde que vim para Rondônia tenho me dedicado a motivar as pessoas, principalmente as mais carentes e vulneráveis, a transformarem suas vidas para melhor. Meu propósito é este: ajudar Rondônia e seu povo a alcançarem mais qualidade de vida.
EXTRA – O que espera da campanha eleitoral?
PADRE TON – Espero ser o próximo governador do Estado de Rondônia. Acredito reunir condições para isso. Precisamos de uma gestão comprometida com os interesses da população e não de grupos. Precisamos que a gestão pública em Rondônia inicie um processo diferente, alicerçado no tripé seriedade, compromisso e eficiência. Da campanha eleitoral propriamente dita espero que prossiga de forma civilizada, sem agressão entre as candidaturas, e que meus adversários cumpram com a lei eleitoral.
EXTRA – E os ataques naturais de um período como este? Como pretende reagir?
PADRE TON – Olha, se os ataques ocorrerem no nível das ofensas pessoas, da injúria, difamação e da calunia podemos agir judicialmente, para valer o Código Penal. O comando de campanha analisa as condutas dos adversários e a partir disso adotamos as providências que julgarmos necessárias.
EXTRA – Candidato, o senhor já tem projetos para executar caso vença as eleições? Qual é o principal deles?
PADRE TON – Sim, temos um Plano de Governo que ainda é uma obra aberta, tem recebido contribuição de profissionais liberais, servidores públicos, militantes do partido etc. Não é possível dizer qual o principal projeto estabelecido para Rondônia. São muitas as frentes necessárias e urgentes. A saúde financeira do Estado não é boa. Há endividamento, a previdência dos servidores é uma bomba a estourar e a capacidade de arrecadação retrocedeu. Num primeiro momento, é preciso concentrar esforços para organizar as finanças, estabelecer uma política fiscal justa e eficaz para que o Estado possa dar conta das demandas.
EXTRA – De onde surgiu a ideia para desenvolvê-lo?
PADRE TON – O plano de governo da Campanha Pra Fazer Diferente surgiu tão logo o PT, em maio do ano passado, decidiu ter candidatura própria ao governo, escolhendo meu nome para a sucessão do Palácio Getúlio Vargas. Desde aquele momento mobilizei colaboradores e assessores para definirem diretrizes e Plano de Governo, o que acabou envolvendo muitas pessoas, a quem sou muito grato por esse trabalho, realizado, na maior parte dos casos, de forma voluntária.
EXTRA – O que o senhor pensa sobre o formato político desenvolvido no estado? O que mudaria? O que espera da política de uma forma geral?
PADRE TON – Infelizmente, a política em Rondônia, com as exceções de sempre, produz uma relação com o eleitorado de compensação, ainda baseado no patrimonialismo e na compra de votos e emprega um poder econômico que em muitos casos causa estranheza, uma vez que não se sabe exatamente de onde sai os recursos para fazer eleição. Essa situação é propulsora de tantos casos de corrupção que temos assistido, envolvendo não apenas membros do governo como também parlamentares estaduais. Os protestos da juventude no mês de junho do ano passado são um sinal de que essa forma de fazer política tem a reprovação e a repulsa da sociedade, que dá nítidas demonstrações de descontentamento e descrença com a política. Mas a política é fundamental em qualquer sociedade democrática, e a juventude não pode deixar de reconhecer na política o instrumento de transformação. Por isso, para que a política deixe de ser um balcão de negócios, é preciso reformular o sistema político-eleitoral. Sou a favor de mudanças, especialmente na forma de financiar campanhas.
EXTRA – Pretende usar redes sociais para comunicar-se com seus eleitores? Por que?
PADRE TON – Sim, já estamos utilizando. Temos uma Fan Page, onde divulgamos o dia a dia da campanha, as propostas contidas no Plano de Governo e outras informações de interesse da sociedade durante este processo eleitoral.
EXTRA – Falando em eleitores, o que pensa sobre eles?
PADRE TON – O eleitorado é a parte mais importante do processo porque através do seu voto será possível a renovação ou a manutenção do cargo por parte dos que detém funções públicas e são responsáveis pelo cumprimento de ações demandas pela sociedade. O eleitorado brasileiro cresceu, em sua maioria são mulheres e em algumas regiões do país apresenta-se mais crítico e rigoroso em suas escolhas. Eu acredito que o eleitorado quer nomes novos na política, candidatos ficha limpa e com propostas viáveis para melhorar a vida de todos.
EXTRA – Educação e saúde são pontos muito debatidos na política. Quais são os critérios utilizados por você para buscar as soluções dos problemas nestes setores?
PADRE TON – Educação e saúde são preocupação comum ao eleitorado de Rondônia e de outras regiões do Brasil. Primeiro devemos ter um diagnóstico preciso da realidade destes setores, mas algumas coisas detectamos e podemos adiantar. Na educação, faltam vagas na rede pública estadual. Há muitos anos não se constroem novas salas de aula. Vamos fazer o programa Nova Escola, para ampliar vagas e investir no ensino integral, e declarar Rondônia território livre do analfabetismo. Na saúde, queremos descentralizar as ações e investir mais, em parceria com o governo federal, na saúde preventiva.
EXTRA – E nos outros setores, o que pensa em fazer?
PADRE TON – Nosso Plano de Governo está baseado nos eixos Desenvolvimento Econômico Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Infraestrutura e Serviços Públicos. Em cada um deles tratamos de todas as áreas atinentes à gestão do Estado. O princípio é focar no desenvolvimento que seja bom para todos, direcionar nosso tempo e energia para os interesses da população, e por isso vamos trabalhar para levar políticas públicas ao pequeno e grande produtor; ao comércio; à indústria e ao setor de serviços. Vamos investir em ciência e tecnologia, consolidando a Fundação e o Fundo de Amparo à pesquisa e vamos adotar mecanismos de prestação de contas e transparência na gestão. É preciso rever a política de segurança e o sistema prisional.
EXTRA – O estado de Rondônia, em comparação a alguns países, é bem grande. É nítido que é necessário um número grande de servidores para executar serviços públicos de um modo geral. O senhor prefere concursados, ou servidores comissionados? Como lidar com essa dificuldade?
PADRE TON – Não é uma questão de preferência. Para admitir pessoas a administração pública deve fazer concurso público. É exigência da lei, da Constituição Federal. De modo que havendo necessidade de suprir vagas em áreas essenciais, como a educação, saúde e segurança pública temos de fazer concurso. Em outras áreas também. Agora você pode contar também com os cargos de livre provimento, os cargos comissionados, em menor número.
EXTRA – Pelo fato de o estado estar inserido na Amazônia Ocidental e o tema meio ambiente estar na pauta de discussão no mundo inteiro, como o senhor enxerga a relação meio ambiente versus desenvolvimento? Há possibilidade de conciliar ambas? Como?
PADRE TON – Acredito haver possibilidade de conciliação sim. Hoje, na Amazônia, existem bons projetos que atestam essa possibilidade, a possibilidade de exploração sustentável dos recursos naturais, gerando renda para comunidades amazônidas. Para que muitos desses projetos, entretanto, ganhem robustez e possam ampliar produção e expandir produtos deles resultantes é preciso investimento em ciência e tecnologia. O meio ambiente não pode ser considerado um empecilho para o desenvolvimento, e o desenvolvimento também não pode ser considerado o horror do meio ambiente.
EXTRA – Dentro do seu governo há espaço para o meio ambiente? Quais são seus projetos para o setor?
PADRE TON – Temos projetos aliados à sustentabilidade da economia, ao desenvolvimento que precisa ser consolidado com base em questões ainda não resolvidas em nosso estado. A ocupação das vocações econômicas em nosso território, como se sabe, se dá em conflito com a vocação da biodiversidade, com base num zoneamento que no meu modo de ver precisa de reformulação. Queremos então reordenar o território, com a realização da segunda aproximação do zoneamento sócio econômico e ecológico, um zoneamento sincronizado com nossa realidade. E assim efetivá-lo como um instrumento de planejamento e gestão participativa territorial. Outra proposta importante é aprofundar a parceria com o governo federal no sentido de acelerar o processo de regularização fundiária das terras da União.
EXTRA – Como pretende apresentar a imagem de Rondônia “lá fora”?
PADRE TON – Acredito e confio numa gestão em que o trabalho transparente e a ética farão a diferença. O papel do Estado não é o de atrapalhar o setor produtivo, mas propagar positivamente a imagem do Estado fora. O diálogo e o respeito com os setores produtivos, com as demais instâncias de poder e com a sociedade são fundamentais para administrar o Estado. Acredito e confio que um governo com o propósito firme de não pactuar com a corrupção, capaz de reparar erros e punir com rigor casos de desvio de conduta na administração pública, fará diferença. Assim será meu governo e com isso certamente a imagem de Rondônia irá melhorar muito.
EXTRA – Como pensa em fomentar o desenvolvimento socioeconômico do estado?
PADRE TON – São várias frentes de atuação. Na agricultura precisamos estruturar e fortalecer a assistência técnica e extensão rural do Estado, de forma a disponibilizar o serviço à totalidade dos agricultores familiares; fortalecer e ampliar o programa estadual de recuperação de áreas degradadas, por meio da disponibilização de calcário e equipamentos agrícolas para mecanização; modernizar e ampliar o programa de incentivo às agroindústrias; desenvolver uma política de produção florestal, madeireira e não madeireira, como fonte alternativa de renda, recuperação de áreas degradadas e redução de impactos ambientais; fortalecer a cadeia produtiva do pescado; implementar o programa de regularização da piscicultura e reestruturar o Fundo de Apoio à Lavoura Cafeeira (Funcafé) entre outras alternativas.
EXTRA – Como administrar os interesses individuais e coletivos do seu grupo político dentro de seu plano de governo voltado às políticas públicas do estado?
PADRE TON – Primeiro como prefeito e agora como deputado federal sempre atuei de forma republicana. Nosso governo vai perseguir essa condição, guiar-se por este princípio e também pelos que estão estabelecidos na Constituição de 1988: legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade. Os interesses individuais devem estar subordinados a estes princípios.
EXTRA – O que é política pública para o senhor? Como pretende executá-la dentro do seu governo?
PADRE TON – A política sempre foi para mim, desde quando estudante de Teologia e Filosofia, uma missão. Algo nobre. Sou Cristão e a política tem sido na minha vida uma maneira exigente de viver o compromisso cristão ao serviço dos outros. Um instrumento para possibilitar mudanças na vida das pessoas, especialmente os mais fracos. Toda a minha vida de formação cristã e política atuei com os pobres e quando vim para Rondônia exercer atividade religiosa tive a oportunidade, pelo fato de liderar pessoas e procurar solução para os problemas, de ser prefeito de Alto Alegre dos Parecis, sendo reeleito em 2008. Depois, fui estimulado a me candidatar a deputado federal. Fiz uma campanha de poucos recursos, mas com ajuda de muitos amigos. Caso tenha a honra de ser governador de Rondônia, de tudo farei para fazer a boa política, a política que fará a diferença e servirá para levar nosso Estado a um recomeço, com mais prosperidade, justiça social, planejamento e desenvolvimento.
Texto: Assessoria
Fotos: Assessoria