O meteorologista Daniel Panobianco, um dos mais conceituados profissionais da área, enviou ao Extra de Rondônia uma avaliação detalhada da queda de bolas de granizou que atingiu Colorado do Oeste na última quarta-feira, 15.
A queda foi registrada, através de fotos e vídeos, por coloradenses impressionados com o fenômeno natural.
Para Panobianco, o evento registrado é raro, não só em Colorado, mas como em todo o Estado de Rondônia e na Amazônia. Entretanto, ele alertou que, por o Estado estar saindo de um período de grande acúmulo de calor na atmosfera, há muita energia acumulada e com o aumento natural da parcela de umidade, novos temporais com granizo certamente voltarão a ser registrados nos próximos dias, além de vendavais com alto poder destrutivo, o que é normal em uma situação como a de agora.
TRÓPICOS
Panobianco explicou detalhadamente o fenômeno. “Granizo é bastante comum em regiões próximas dos trópicos devido à diferença de temperatura nas diversas camadas da coluna troposférica. O granizo se forma quando há acúmulo de umidade e ar muito frio entre os níveis de 500 hPa – hectopascal, que é a unidade de medida da pressão atmosférica – onde o valor de 500 hPa corresponde a uma altitude de cinco mil metros e 300 hPa, cerca de sete mil metros. Quanto mais alto, menor é a temperatura do ar e maior a parcela de valores de instabilidade atmosférica. Quando temos muito calor em superfície, quase sempre acima de 30°C e nas camadas mais elevadas há transporte de ar frio e úmido, a evaporação das matas e rios rapidamente resfria-se e as gotículas de água agrupam-se formando uma massa sólida, o granizo. Por ser mais pesado que o ar, o granizo retorna à superfície, mas em situações distintas, como a intensidade dos ventos dentro de uma nuvem ou ainda a parcela de umidade e temperatura, as pedras podem cair de vários formatos e tamanhos. Quanto mais frio estiver o ar entre 500 hPa e 300 hPa, maior será o peso da instabilidade e por isso, maior a massa de gelo. O granizo ocorre apenas em nuvens com amplo desenvolvimento vertical, que na meteorologia chamamos de cumulonimbus, ou CBs. São as nuvens cumulonimbus que geram as trovoadas e os aguaceiros comuns a partir de agora em Rondônia. O granizo, aliás, é o mecanismo precursor do raio. Através do atrito entre as pedras de gelo dentro de uma nuvem que ocorre a polarização, com cargas positivas e negativas. Existe o tipo de granizo mais severo e que causa muitos estragos em carros, construções e plantações e que nos últimos anos temos notado com maior frequência sobre Rondônia que é a saraiva. Pedras em tamanhos, formatos e pesos diferentes de uma precipitação clássica de granizo”, concluiu.
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Texto: Extra de Rondônia
Foto: Divulgação