### Cerradas as urnas é hora de fazer um balanço de como as lideranças regionais saíram das urnas. Pois é esse resultado que dará o tom das eleições de daqui a dois anos, quando se renova as prefeituras e as câmaras municipais.
### Começar por Pimenteiras, onde o prefeito João Miranda (PSDB) anda mal das pernas administrativamente falando (basta dizer que não conseguiu realizar sequer o mais tradicional festival de praia de Rondônia por absoluta incompetência). Embora seu partido tivesse candidato nas eleições para o governo (Expedito) apoiou o adversário (Confúcio). Não dever sequer ter vaga no partido para concorrer à reeleição. Expedito ganhou por 52.01% contra 47.99% de Confúcio em seu município.
### Outro que anda mal é Vanderlei Palhari de Chupinguaia. Lá Confúcio foi batido por Expedito por 69.39% a 30.61%, mais que o dobro de votos. Não deve fazer o sucessor.
### Em Corumbiara Expedito venceu de 55.27% a 44.73% para Confúcio e o líder local, prefeito Deocleciano apoiou o governador reeleito, mas não teve força para superar o concorrente. Embora não faça uma administração tão sofrível como o prefeito anterior, o que emperra Deocleciano são as ações na vida pessoal. O poder quando sobe na cabeça…
### Embora Confúcio tenha declarado ter recebido apoio do prefeito de Cerejeiras, Airton Gomes (PP) o fato é que ele apoiou mesmo Expedito Júnior, que vendeu Confúcio no município por 59.96% 40.04%. Nem o prestígio do ex-prefeito Kleber Calisto, do ex-deputado e candidato a vice, Daniel Pereira e ex-deputado Ezequiel Neiva conseguiu impedir a derrota do governador. Neiva, aliás, anda sonhando com uma vaga na ALE, sendo guindado da condição de suplente na vaga de Lebrão ou Edson Martins. Esquece que ambos estão mais interessados em presidir o parlamento estadual do que comandar secretarias estaduais sem recursos.
### Confúcio venceu em Colorado e em Cabixi. 56.13% a 43.87% em Colorado e 54.53% a 45.47% em Cabixi. Sem mandato em Cabixi, o ex-prefeito Bau fez o que pode para dar uma boa votação a Expedito. De resto poucas lideranças locais se empenharam pelo tucano por lá. O prefeito Isael apoiou o governador. Em Colorado a força da residência do DER, comandado por Paulinho da Senacol, fez a diferença. É candidato da situação a prefeito de Colorado. Derrotado para deputado estadual o ex-prefeito Anedino da Farmácia apoiou Expedito sem aquela garra que seria normal caso fosse eleito. O atual prefeito Josemar Beatto, que ninguém sabe para que lado pendeu nos dois turnos das eleições, não conta como liderança. Para o lado que fosse ficaria do mesmo tamanho.
### Em Vilhena, o buraco é mais embaixo. É onde está as mais importantes e expressivas lideranças do cone sul do Estado. Duas delas saíram bem das urnas. Melki Donadon ressurgiu feito fênix das cinzas. Conseguiu eleger a cunhada Rosângela para deputada estadual com uma boa votação e fez um mar de votos para a irmã Raquel, que todos sabem, como política é uma boa técnica. Os votos depositados a ela, ninguém duvida, foram todos de Melki, que arrebanhou cerca de 18 mil votos, destes 10 mil em Vilhena. E só não a elegeu deputada federal por conta do cisma na família com a saída do primo Júnior Donadon concorrendo ao mesmo cargo.
### Embora Júnior ínsista em dizer que os cerca de seis mil votos que foram dados a ele e faltaram para Raquel não iriam para ela, posto que seria dele, é uma matemática que não fecha. Se ele tivesse se empenhado pela prima, ou se Melki tivesse apoiado sua candidatura, um deles seria deputado federal. Júnior e Raquel saíram das urnas do mesmo tamanho que entraram. Melki mostrou que é forte para 2016 (se os processos judiciais permitirem) como candidato a prefeito, ou, em todo caso, apoiando alguém da família.
### Outro que se firmou definitivamente foi Luizinho Goebel. Em Vilhena, sua disputa foi de frente contra duas superestruturas. De um lado, a tradição política dos Donadon, que apresentou uma candidata simpática, Rosângela Donadon, e a promessa de reabrir a Fundação Donadon, que atendia diariamente centenas de famílias carentes, o principal cabo eleitoral da família. Do outro, a máquina administrativa comandada pelo prefeito Rover para eleger o seu candidato Vanderlei Graebin e ao mesmo tempo minar a eleição de Goebel.
### Luizinho saiu das urnas com quase seis mil votos em Vilhena, pouco menos que na sua primeira reeleição, mas com um detalhe: se na primeira eleição, em 2008, atribuíram sua votação ao apoio de Cassol e em 2010 ao apoio do prefeito Rover, dessa vez a atribuição de sua votação é dele, de sua equipe e sua atuação política. Brigou com dois gigantes e saiu bem votado.
### Já o prefeito Zé Rover, apesar de ser o primeiro prefeito a declarar apoio a Confúcio e mais uma vez botar seu bloco toda na rua para pedir votos, não conseguiu dar a vitória para o governador em Vilhena, que já havia sido superado por Expedito no primeiro turno. O escore ficou de 43.19% a 46.81% pró Expedito no segundo turno com a força do Zé e o faz de conta do Melki, que disse que apoiou, mas não se empenhou pela eleição de Confúcio.
### Zé saiu com várias ranhuras das urnas. Primeiro, não conseguiu eleger seu candidato a deputado estadual, Vanderlei Graebin, apesar de seu empenho pessoal, da máquina e de todo o seu staff, que não é pouco. Depois arrumou uma encrenca das grossas com o senador Ivo Cassol, que já o tem na conta de “inimigo” político, assim como o ex-senador Expedito Júnior. Desmontou a sua base aliada (para não dizer alienada) na Câmara Municipal, o que vai lhe garantir com segurança intermináveis dores de cabeça no decorrer do restante de seu mandato.
### Seu estadual perdeu. Para federal um dia pedia voto para Capixaba, noutro para Martendal e por fim para Mariana Carvalho. Para o Senado pedia votos para Acir, ao mesmo tempo em que pedia para Ivone Cassol e Moreira Mendes. Ou seja, nunca concentrou a força do seu grupo para eleger alguém. Quando o fez, para eleger Graebin, perdeu. Nem pode dizer que ajudou a eleger Confúcio, para onde migrou no segundo turno, diante da derrota do pemedebista em Vilhena.
### Com mais dois anos de mandato, Rover deve sair do PP, ou até ser tirado de lá pelo cacique e vingativo Cassol. Seu destino pode ser o PDT, de Acir. Resumindo: os internautas podem fazer suas análises para saber quem se fortaleceu ou enfraqueceu politicamente no último pleito eleitoral.
Texto: Extra de Rondônia
Foto/montagem: Extra de Rondônia