No dia em que uma criança é encontrada dentro de buraco abandonado, Eliseu Lima, secretário de obras, cria outros para trazer riscos à população
A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (SEMOSP) só funciona mesmo na base da chibata. Depois de o Extra de Rondônia mostrar a situação crítica de algumas ruas dos bairros Jardim Vitória e Assossete, o titular da pasta, Eliseu Lima botou o maquinário em cima do caminhão e foi até lá “resolver” o problema.
A saída encontrada pelo secretário foi cavar buracos dentro de terrenos particulares formando, assim, pequenos poços de água suja e parada. Quem conseguiu evitar que Lima finalizasse a “Operação Tatu” nas ruas de ambos os bairros foi o pedreiro Ailton Silva Novaes.
Ele conta que estava voltando para sua casa na hora do almoço e percebeu que o serviço realizado pela SEMOSP era de péssima qualidade. “Eu parei minha moto, perguntei quem era o responsável pela obra e pedi que parassem o serviço, pois não adiantaria nada. O encarregado ligou pro secretário, que autorizou o cancelamento do serviço”, lembra o pedreiro.
Somente nas imediações da Rua 8512, do Bairro Assossete (a principal) há seis buracos abertos pela secretaria de obras sobre terrenos particulares, além de vários canos de água danificados pelo trator (eles já foram arrumados pelo SAAE). Todos com aproximadamente dois metros de profundidade. A “ideia brilhante” do secretário acabou com algumas poças d’água gigantes que haviam na localidade, que deveriam ter sido tampadas na seca, mas não foram.
Porém a movimentação de máquinas pesadas sobre as ruas encharcadas promoveu um verdadeiro lamaçal na região. A frente de algumas casas ficaram intransitáveis, e o que era pra ser um alívio para os moradores, se transformou em mais preocupação. “É nítido que o serviço é mal feito. Como uma secretário autoriza sua equipe a cavar buracos dentro do terreno dos outros? Não adianta criar canais de água, tem é que resolver o problema como um todo”, reclamou o pedreiro Ailton Silva Novaes.
A terra enlameada mostra que basta uma única chuva para o que era apenas uma poça d’água evoluir para um atoleiro. “Eles só vêm aqui arrumar as ruas quando as reclamações vão parar na imprensa. Quando vêm olha o serviço que fazem!” exclama o pedreiro morador do bairro Assossete.
O que é mais irônico na história toda é que no dia em que a família do menino Hugo Gabriel, de 6 anos, respirou aliviada ao ter a criança de volta depois de 16 horas desaparecida, e passar a noite dentro de um buraco feito em um terreno baldio no bairro Cristo Rei, por estar correndo olhando pra cima atrás de uma pipa, o titular da SEMOSP manda criar mais seis valas em terrenos baldios na cidade. “Aqui é muito comum ver crianças correndo atrás de pipas. Questionei o secretário quanto ao perigo e ele nos mandou trancar as crianças em casa. Isso é um absurdo”, reclamou o morador.
Texto: Extra de Rondônia
Fotos: Extra de Rondônia