Quando criança, pedi a meu pai, como prêmio por ter recebido aprovação escolar naquele ano, recebi como resposta: “Não, é seu dever e sua responsabilidade ser aprovado, você esta estudando para isto.”
Perguntei, “Não mereço? Sim, respondeu, você merece, mas se cada vez que você tiver que cumprir qualquer responsabilidade e em contrapartida queira receber um prêmio ou algo em troca, estará desenvolvendo em você o comportamento de um corrupto. Arrematou ao final,” Nunca exija ou peça algo em troca por de feito uma obrigação cuja responsabilidade tinha de cumpri-la.”
Cresci num ambiente familiar, com uma educação voltada pelo respeito ao próximo, pelo cumprimento da honestidade, ser ético, ficar longe do mal, mentiras nunca, e construir sempre um ambiente de harmonia entre as pessoas. Durante o jantar, com todos a mesa, meu pai discorria leitura de uma passagem bíblica. Era o hoppy no jantar, com diálogos e debates sobre o texto.
Creio que nesse ambiente estudantil familiar é que foi moldado meu caráter e minha personalidade. Tenho confronto com a injustiça, não aceito a desonestidade, sou apaixonado pela ética e luto contra a corrupção, sem tréguas. Mesmo sendo pecador, dado a condição humana, creio que esse começo permitiu a construção da armadura para enfrentar as adversidades da vida.
A corrupção domina os dias atuais. Estudiosos defendem que tal feito, mesmo que pernicioso, é inerente a raça humana. A despeito dessas análises, nada tem a ver com cultura e sim com educação. Tudo depende do começo, mas se vivemos em um ambiente de elevada desagregação familiar, de ensinamentos escolares distorcidos quanto a despertar no aluno a importância da ética, da honestidade, do respeito ao alheio e de suas coisas.
Falta-nos o início, contudo, cabe a cada um de nós, contribuir para mudar esse cenário de ineficácia humana no que se refere a desenvolver comportamento de boa índole. Que tenha início em casa, ou mesmo na escola. Quem sabe mudemos o final.
Caetano Neto – Advogado
Presidente – Associação de Defesa dos Direitos da Cidadania
Texto: Caetano Neto
Foto: Extra de Rondônia