Para atender a comunidade, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Vilhena (Apae), que em fevereiro completou 34 anos de fundação, conta com o apoio de vários parceiros, entre eles o governo do estado, conforme Aimoré Barros, que há 10 anos preside a instituição. A escola possui convênios financeiros e cedência de cerca de 50 servidores.
A unidade da Apae vilhenense é a pioneira de Rondônia. Para superar as necessidades, o presidente procura sempre inovar as ações. Um exemplo foi que nos meses de dezembro e janeiro, enquanto alunos, professores e outros profissionais estavam em férias, a escola adquiriu 170 pintinhos de um dia para corte e ao final de 30 dias estava com dois frízeres cheios de frango para consumo dos alunos. No galinheiro ainda sobraram algumas unidades, pois, segundo ele, não havia mais lugar para armazenar. A perda ficou em torno de 10%.
A ração das aves foi doada por parceiros. A escola mantém ainda um pequeno plantel de galinhas poedeiras e a cada três dias são pelo menos 180 ovos. Os alunos são envolvidos em muitas atividades, inclusive no cuidado com os animais. Quando se trata das galinhas poedeiras são os próprios alunos que cuidam, alimentam, recolhem os ovos e trocam a água. Para a manutenção, um parceiro doa as aves e outro a ração. Os ovos são utilizados na própria instituição. O esterco das galinhas vira adubo para a horta, de onde são retirados as verduras e temperos usados na cozinha. “Além dos ovos, as galinhas são excelentes no combate aos insetos”, destacou Aimoré, dando mais uma utilidade para a criação.
A escola abriga durante o dia mais de 240 alunos, em dois turnos, alguns ainda bebês, que já fazem algum tipo de tratamento. No local são servidas pelo menos quatro refeições diárias. É a única no estado a oferecer, no próprio espaço, a equoterapia, utilizando dois cavalos, além de um fonoaudiólogo, um fisioterapeuta e um equitador. Nesse setor são atendidos os alunos de Colorado do Oeste, de Cujubim e Vilhena. No ano passado, foram atendidos com a equoterapia pelo menos 26 alunos.
O presidente adiantou, que o setor de equoterapia poderá ainda ser ampliado, aumentando o número de pacientes, uma vez que a prefeitura doou um terreno e o governo do estado vai repassar recursos, da ordem de R$ 250 a R$ 300 mil, que serão definido de acordo com o projeto. “A equoterapia vai funcionar numa área medindo no mínimo 60 por 22 metros, com banheiros, baias e pistas; será totalmente coberta e ainda poderá atender a alunos de outras Apaes”, informou.
A equoterapia é um programa da área de saúde voltado às pessoas com deficiência física ou mental, aplicada de acordo com as necessidades e potencialidades do praticante, com vistas à reabilitação. Também é usada com fins educacionais ou sociais, com a aplicação de técnicas pedagógicas aliadas às terapêuticas, visando à integração ou reintegração sócio-familiar.
No pátio da escola também existem gansos, que ficam soltos à noite para garantir a segurança do lugar. “Ganhamos dois filhotinhos de um pai e nem sabíamos que era um par. Hoje são 38 animais. Há também duas araras, monitoradas pelo órgão do meio ambiente, que interagem com as crianças e acabam auxiliando no tratamento de algumas deficiências”, disse.
A maior parte dos profissionais da escola é cedida pelo governo estadual. O ônibus adaptado, avaliado em R$ 295 mil, foi doado pelo estado em 2014. “Já vamos elaborar um projeto para um novo ônibus”, anunciou o presidente da Apae, ressaltando que o coletivo oferece acessibilidade para todos e foi uma das maiores conquistas para os alunos, que antes eram pegos no colo.
Além do estado e outros parceiros, a associação recebe apoio do Judiciário e Ministério Público, que garante ainda o funcionamento da marcenaria, que conta com um marceneiro chefe orientando os alunos selecionados para a atividade, onde confeccionam e consertam móveis da própria escola . As peças artesanais produzidas pelos alunos, em geral panos de prato decorados, são comercializadas, reforçando a renda da entidade. Além disso, já é tradicional a realização de pelo menos duas feijoadas anualmente para arrecadação de recursos.
Autor: Alice Thomaz
Foto: Ésio Mendes