Na semana posterior ao dia 8 de março, data em que se comemora internacionalmente o dia da mulher, a comarca do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia (TJ-RO) no município de Colorado do Oeste iniciou a Semana da Justiça Pela Paz em Casa, projeto idealizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e disseminado país a fora.
De acordo com a administradora do fórum de Colorado do Oeste, Terezinha Domingos dos Santos Carvalho, as atividades relativas ao evento estão sendo realizadas através de várias frentes, inclusive com atuações nas escolas da rede pública da cidade. Um grupo de servidores engajados no projeto desenvolveu uma peça de teatro infantil para contribuir com a campanha de conscientização contra a violência familiar.
Ainda segundo Teresinha o fórum criou uma sessão de cinema para vítimas e agressores, com a exibição de um filme que aborda o tema. Os grupos assistidos por esta etapa do projeto foram divididos para evitar constrangimentos. “Vamos realizar duas sessões. Uma apenas com os agressores, e outra com as vítimas”, explicou a administradora do local.
Após as sessões haverá um debate entre psicólogos, assistentes sociais, profissionais do direito, sobre a violência doméstica. Os grupos irão participar das discussões como modo de falar abertamente sobre o problema, para diminuir a distância entre a violência e as políticas públicas desenvolvidas para acabar com ela.
Os alunos da rede pública de educação do município de Colorado do Oeste poderão participar do concurso de redação desenvolvido pelo fórum. Os três melhores textos serão premiados, e o vencedor do concurso ganha um tablet. Uma exposição de cartazes também foi inserida na Semana da Justiça Pela Paz em Casa. Um grupo de alunos passou pelos corredores do fórum local para conferir de perto os trabalhos desenvolvidos.
De acordo com a assistente social do TJ-RO, em Colorado do Oeste, Eliete Ferreira de Freitas, um levantamento feito nos últimos três anos (contados a partir de 2012) revelou que o pequeno município do Cone Sul de Rondônia registrou 268 casos de violência doméstica. Ela ressalta que o resultado não pode ser dividido entre os três anos, pois há variações de um período para o outro. “Esse foi o resultado total”, explica. A maioria absoluta dos casos corresponde a ameaças.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que a cidade possui pouco mais de 19 mil habitantes, e de acordo com a opinião da assistente social, o número de processos relativos à violência doméstica, comparado à quantidade de moradores da comarca, indicam que os casos de agressões dentro de casa podem ser muito maiores do que os registrados, porém acabam sendo silenciados por qualquer que seja a parte envolvida.
Eliete Ferreira de Freitas conta que a dependência financeira, bem como o medo da concretização da ameaça, dentre outros problemas, contribuem para que os casos não sejam denunciados. A assistente social relatou, ainda, que um dos grandes fatores que contribuem para os índices de violência é a criação. Ela explica que o problema é transgeracional, e que normalmente o agressor, ou a vítima, tem histórico de violência contra si ou a membros próximos da família.
Eliete conta que é muito difícil romper o ciclo de violência, uma vez que as pessoas alvo desse problema social dificilmente fala sobre o assunto, e a justiça não consegue ampliar sua rede de combate, em decorrência do silêncio. “Normalmente tensões familiares são resultantes do início da violência, que normalmente começa por ameaças psicológicas e podem evoluir para agressões físicas”, explica.
O desenvolvimento da culpa por parte do agressor também é comum. A assistente social conta, ainda, que apesar de as ameaças cessarem por um período após um ataque, normalmente voltam com mais intensidade. “É muito importante denunciar”, defende.
As atividades relativas à campanha de violência no lar no fórum de Colorado do Oeste continuam até o final dessa semana.
Texto: Extra de Rondônia
Fotos: Divulgação