edcerejeiras2A exemplo de outras comarcas Cerejeiras apostou em várias atividades para mobilizar a população para a campanha pela Paz em Casa, abraçada pelo Tribunal de Justiça de Rondônia sob recomendação do Supremo Tribunal Federal.

A violência doméstica, de acordo com o juiz Bruno Magalhães Ribeiro dos Santos, magistrado da comarca, é uma chaga social. “O local que deveria ser exatamente o sereno local privilegiado de desenvolvimento da pessoa humana pelo afeto e primazia da dignidade do cidadão – seio de sua família -, subjuga covardemente a mulher e a criança/adolescente em razão de uma mera compleição física (ou moral), menos robusta em relação aos homens, que são, na maioria dos casos, os infratores/autores dos atos de violência”.

O magistrado mencionou a nefasta prática que capta as vítimas em momento de maior vulnerabilidade, quando deveriam ter a natural sensação de segurança que o lar lhes proporciona. “Essa situação de violência deve ser veementemente combatida, inclusive por meio de políticas públicas verdadeiramente eficientes e de mecanismos jurídicos alternativos e mais específicos a serem aprimorados, uma vez que as reprimendas criminais dedicadas pela lei penal a fatos desta natureza têm se revelado insuficientes para fazer frente à investida criminosa, e proporcionar o efetivo caráter educativo e preventivo que se espera no particular”, opinou.

Bruno Magalhães lembra que sofre, em primeiro plano, as vítimas, e, em segundo, a própria sociedade, de cuja família é célula mãe. “Quanto mais miserável e carente de politicas públicas voltadas aos valores constitucionais prioritários for a comunidade afetada mais violentos são os crimes de violência doméstica pelos seus infratores, que são, via de regra, pessoas de baixíssimo nível intelectual e cultural, e de esperança em um futuro de vida que lhes traga progresso, de forma que descontam nos seus familiares dentro de suas casas, suas frustrações e fraquezas.” completou

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Pit Stop e teatro

No dia 24 de março, terça-feira, a mobilização ocorreu nos principais cruzamentos da cidade, com a realização de Pit Stop para distribuição de material informativo. O trabalho foi realizado em conjunto com a Guarda Mirim local e contou com apoio da Policia Militar.

Outras atividades desenvolvidas aconteceram nas escolas da rede pública municipal e estadual, com a apresentação de peça teatral montada por servidores da Comarca de Colorado do Oeste/RO, para conscientização contra a violência doméstica. A disseminação da mensagem pela pacificação das relações familiares ocorreu de forma receptiva e com bastante sucesso entre o público discente.

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Filme e debate

Os trabalhos foram encerrados com a realização das Sessões Pipocas, com a exibição do filme Tina – A verdadeira história de Tina Turner, com temática da violência, voltada para grupos de vítimas e agressores. O exemplo apresentado no filme serviu de sensibilização e reflexão a cada participante presente.

Após as sessões foram realizados debates com a participação de psicólogos, assistentes sociais e profissionais do direito, oportunidade para ponderar sobre os aspectos causadores da violência, entre eles o preconceito de gênero.

Os debates contaram com a importante contribuição do Delegado da Polícia Civil, Dr. Giuliano Ricardo Lopes, do Comandante da Polícia Militar, Ivan Cézar Vian, além dos técnicos do CREAS, Tiago Luis de Jesus Sena e Andréia Boza, e das Assistentes Sociais Vanessa Simões de Freitas, Marinez Marchesini, Eliete Ferreira e do Psicólogo Marcelo Hellmann, pertencentes ao Núcleo psicossocial de Cerejeiras e Colorado do Oeste/RO.

A assistente social Vanessa Simões de Freitas, Chefe do Núcleo Psicossocial da Comarca de Cerejeiras afirmou que eventos como estes contribuem para mudanças de paradigmas a respeito das manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens que conduziram à dominação e à discriminação do gênero e impedem o pleno avanço da cultura da paz.

Conforme a Assistente Social Marinez Marchesini o enfrentamento da violência contra mulher é um dos grandes desafios para a sociedade contemporânea devido suas múltiplas características e complexidade. “Nesta perspectiva campanhas como esta de caráter socioeducativo e mobilizador visam incitar a reflexão sobre este fenômeno, por meio da promoção da igualdade de gênero, nos diversos segmentos da sociedade, integrando ações que possam instrumentalizar os atores envolvidos acerca do seu papel na redução dessa forma de violência que atinge não só a mulher, mas toda a família”, declarou.

Na visão do Psicólogo Marcelo Hellmann, nos últimos anos ocorreram muitos avanços, principalmente com a Lei Maria da Penha, e as mulheres estão denunciando mais quando há violência doméstica, mas não o suficiente ainda. “Cada tipo de violência gera prejuízos nas esferas do desenvolvimento físico, cognitivo, social, moral, emocional ou afetivo, e campanhas com esta estimulam a participação e construção de conhecimento e práticas sobre essa temática. A campanha atua na prevenção e erradicação da violência e promove o progresso da Paz no lar, envolvendo homens e mulheres, mexendo com as consciências, questionando padrões culturais e na busca de novas posturas”, disse.

Na análise dos debatedores, há ainda a necessidade do fortalecimento e articulação da rede de atendimento e combate à violência intrafamiliar, com a realização de ações contínuas de atuação articulada entre as instituições/serviços governamentais, não governamentais e a comunidade, visando ao desenvolvimento de estratégias efetivas de prevenção e de políticas que garantam o empoderamento das mulheres e seus direitos humanos, a responsabilização dos agressores e a assistência qualificada às mulheres em situação de violência.

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Autor e foto: Assessoria

 

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