Muito além do jardim, nome de um filme da década passada relata a vida de um homem simples e que passava o dia todo assistindo televisão. Não perdia um filme, um noticiário e nas suas poucas idas aos locais públicos, comentava os assuntos da TV como se testemunha fosse dos acontecimentos. Parecia ter ele presenciado os fatos, se mostrava como grande conhecedor.
Suas observações e considerações sobre economia, educação, fatos variados impressionava as pessoas que já o intitulava como pessoa de grande sabedoria, chegando a ser convidado a trilhar pelos caminhos da política na cidade. Quando convidado, eis a grande surpresa, era analfabeto. Não sabia ler e escrever. Moral da história do filme. As pessoas vivem cercado por um jardim, não sai dele, não buscam conhecer a vida além dele, sendo assim, ficam presas na “verdade” na “versão”, na “edição” naquilo que foi veiculado. Não consegue ver além do jardim.
Assim produz a mídia e neste roteiro, o efetivo controle das pessoas. Evitar o raciocínio próprio, crítico, construtivo e longe do show, espetáculo, diversão que toma conta da TV e contamina jornais impressos, folhetos, rádios, jornais eletrônicos, enfim, transforma a mídia em promiscuidade com anuência do poder público, judiciário e órgãos reguladores e ao final transforma o cidadão em analfabeto preso a seu jardim.
Da mesma maneira que médicos estão comprometidos pelo juramento de Hipócrates a salvar vidas, embora hoje, o financeiro esta a frente do atendimento, os jornalistas tem por ética profissional de dizer a verdade, como os fatos se apresentam. Nada de mesclar, alterar, repaginar, dar nova versão, pois agindo assim, fazem parte do rol dos jornalistas “canalhas”, de nada serve sua crônica, seu artigo, seus comentários.
Há uma falência moral quando se trata de oferecer respostas aos problemas mais simples que dirá dos complexos da humanidade, e ainda, o atual sistema, do Iapoque ao Chuí, multipla os esquemas de corrupção e este maldito câncer público e privado, que condena a escola do seu filho ao mais vergonhoso índice de baixa qualidade, o posto de saúde que poderia salvar seu pai, sua mãe, o cidadão que ao circular teria a garantia da segurança, a atividade pública teria eficácia, as instituições seriam voltadas para o povo e não como hoje, voltadas “per si”, mas não, a mídia se curva a promiscuidade com o poder e se agrada de manter seus interesses acima de sua missão maior que é de promover a verdade objetiva.
Contudo, preferem a relação promíscua mesmo as custas de manter o povo no jardim, criando o analfabeto, mas o que importa é o show, a diversão o espetáculo, afinal, estes acabam sempre recebendo o título de possuírem grande sabedoria. Feliz dia 07 de abril – Dia do Jornalista.
Caetano Neto – Advogado
Presidente da Associação de Defesa dos Direitos da Cidadania – ADDC
Texto: Caetano Neto
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