Prefeito padre Franco e o empresário Marcos Stecca
Prefeito padre Franco e o empresário Marcos Stecca

Com apoio oficial do prefeito Francesco Vialetto,  Marcos Henrique Stecca, delator do esquema de corrupção liderado pela ex-chefe de Gabinete de Cacoal, Maria Ivani, trocou terrenos em loteamento na BR-364 na saída para Pimenta Bueno por um imóvel do Estado de Rondônia localizado no centro da cidade, o que levantou suspeita do Ministério Público sobre a negociação.

Através da Recomendação 29/2014, a promotora de Justiça Daniela Beatriz Gohl pediu ao governador Confúcio Moura que se abstenha de realizar “obras ou benfeitorias nos imóveis permutados com a empresa Stecca Consultoria Imobiliária Ltda – ME, até que as investigações estejam concluídas”.

O negócio é semelhante ao próprio esquema revelado pelo empresário, mas envolvendo a construção do hospital municipal, na qual a ex-chefe de Gabinete exigia terrenos dentro da cidade para construir a obra. Como bom samaritano, pensando no desenvolvimento de Cacoal, Marcos Stecca ofereceu à Prefeitura de Cacoal os lotes urbanos 664, 639, 619, 547, 523, localizados no Loteamento Pedro Stecca, e lote rural 07/B1, na BR-364 saída para Pimenta Bueno. Em troca, o Estado de Rondônia cederia para a sua firma o lote 01-B com área de 3.805.41 metros quadrados, na Avenida São Paulo com Castro Alves, no centro de Cacoal, avaliado em R$ 2 milhões. Ou seja, o Governo iria construir a Ciretran, uma pista de testes e um setor da Sesdec fora da cidade, enquanto o empresário poderia aproveitar o terreno na região central para erguer um condomínio vertical, conforme o projeto em andamento. O MP passou a investigar o interesse do prefeito de Cacoal, que chegou a enviar o Ofício 087/2015 ao governador Confúcio Moura elencando pelo menos 10 itens para defender a permuta com o empresário, que, segundo ele, só estava interessado no desenvolvimento da cidade de Cacoal.

MÁFIA DA PERMUTA

A ex-chefe de Gabinete da Prefeitura de Cacoal, Maria Ivani, foi presa na Operação Detalhe realizada pela Polícia Civil com apoio do Ministério Público. Marcos Henrique Stecca fez delação premiada e contou como funcionava no esquema de corrupção no município. Nos áudios interceptados, ela negocia a compra do terreno para construção do hospital municipal com o empresário e com o ex-secretário de saúde Márcio Welder. Na conversa eles negociam a doação de terrenos para os integrantes da quadrilha, em troca do apoio à compra do terreno do corretor, assim como permutas ilegais de terrenos públicos.

Na primeira parte do áudio é possível ouvir Maria Ivani falando a famosa frase que batizou a operação da Polícia. Enquanto veem o terreno a ser adquirido, argumentam que será mais fácil o acesso do “povo” e a ex-chefe de gabinete solta: “o povo é apenas um detalhe”.

Mais à frente, fazendo a contabilidade da corrupção, negociam a liberação de 65 terrenos da imobiliária de Stecca para a quadrilha para serem distribuídos aos integrantes. Planejando vender por R$ 70 mil cada um, o trio chega à conclusão de que a quantia de R$ 4,6 milhões em dinheiro seria arrecadado, nas palavras deles “vendendo de graça”. Stecca então diz “não vou colocar vocês em fria” e que iria ensinar o grupo a ganhar dinheiro para fazer um sucessor para o prefeito.

PADRE DIZ QUE NÃO SABIA DE NADA

Mesmo com fortes evidências apontando o possível envolvimento do prefeito Padre Franco, o delegado Eliseu Muller disse que o chefe do Executivo não sabia de nada e liberou também o empresário Marcos Henrique Stecca. O próprio prefeito, conforme ofício encaminhado ao governador Confúcio Moura, fez gestões para acelerar a permuta do terreno localizado no centro da cidade com os lotes na saída para Pimenta Bueno.

Texto: Rondoniagora

Foto: Divulgação

 

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