Valdir Raupp e Marinha Raupp são investigados pela PF
Valdir Raupp e Marinha Raupp são investigados pela PF

A Polícia Federal apura se Refinaria de Manguinhos, controlada pelo empresário Ricardo Magro, pagou despesas de campanha do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) em 2010.

No inquérito que investiga o congressista por suspeita de ter recebido R$ 500 mil em propina na forma de doações da empreiteira Queiroz Galvão, a PF anexou notas fiscais de R$ 300 mil emitidas por aliados do peemedebista, na reta final da campanha, sem indícios de prestação de serviços para a refinaria privada, que fica no Rio.

Uma gráfica de Porto Velho, a Angular, emitiu uma nota da suposta venda de 18 milhões de formulários para a Refinaria de Manguinhos, a 3.384 km de distância.

Segundo a nota fiscal número 1016, de 24 de setembro de 2010, seriam formulários de entrada e saída de veículos, de controle de fabricação e produção e de controle de pessoal autorizado.

Se pudessem ser empilhados em uma única coluna, os papéis atingiriam 1,8 km de altura, mais que o dobro do Burj Khalifa, em Dubai, o maior arranha-céu do mundo, com 829 metros de altura.

A Angular Formulários pertence a Izaías Pereira Júnior, o Júnior da Graff Norte –gráfica que produziu o material de campanha do senador e de sua mulher, a deputada federal Marinha Raupp.

No mesmo dia que a Angular emitiu a nota, o escritório de advocacia Almeida e Almeida também emitiu uma nota de R$ 100 mil para a Refinaria de Manguinhos. O destinatário dos supostos honorários seria José de Almeida Júnior, concunhado de Raupp e ex-chefe da Casa Civil durante o mandato do peemedebista como governador de Rondônia.

“Seis dias após os pagamentos da Refinaria [de] Manguinhos, o casal Raupp quitou o valor de R$ 339 mil junto à Graff Norte”, diz o relatório de inteligência da PF ao qual a Folha teve acesso e que integra o inquérito de Raupp que corre no STF (Supremo Tribunal Federal).

OUTRO LADO

Integrante da equipe que defende o senador Valdir Raupp no STF (Supremo Tribunal Federal), o advogado Daniel Roller, não quis se pronunciar sobre o relatório da Polícia Federal.

O documento levanta suspeitas de que a refinaria de Manguinhos tenha feito pagamentos a aliados do senador na campanha de 2010.

Para a defesa de Raupp, as suspeitas sobre Manguinhos não têm qualquer relação com o objeto do inquérito, que é apurar se o congressista se beneficiou de recursos oriundos do esquema de corrupção na Petrobras.

Em ocasiões anteriores, o senador negou ter recebido recursos ilícitos e disse que a doação da Queiroz Galvão, que deu origem à investigação após delatores da Lava Jato a relacionarem à propina, financiou o PMDB de Rondônia, e não a sua própria campanha.

O advogado da refinaria de Manguinhos no inquérito sobre Raupp, Cláudio Rodrigues Neto, negou que a empresa tenha contratado serviços da Angular Formulários e do escritório de advocacia do concunhado do senador, José de Almeida Júnior. “Não houve a contratação, não houve a prestação de serviços e, mais importante, não houve os pagamentos de R$ 300 mil a essas empresas”, diz o advogado da refinaria.

Essa versão é diferente da apresentada pelo parente do senador. Questionado pela PF, o advogado José Almeida Júnior confirmou a emissão da nota fiscal, mas se recusou a informar a natureza dos serviços jurídicos prestados. “A Refinaria de Petróleo Manguinhos S/A tem personalidade jurídica de empresa privada, motivo pelo qual me encontro impedido, por ora, de prestar as informações solicitadas (…) Se prestasse as informações solicitadas sem autorização do cliente, estaria incorrendo na infração disciplinar”, disse Almeida Júnior, em manifestação que integra os autos.

Já o dono da Angular Formulários, Izaias Alves Pereira Junior, confirmou a emissão da nota fiscal para Manguinhos, mas alegou que “os serviços não foram prestados por falta de pagamento”.

 

Texto: Folha.com (Graciliano Rocha Bela Megale)

Foto: Divulgação

 

sicoob

COMUNICADO: Atenção caros internautas: recomenda-se critérios nas postagens de comentários abaixo, uma vez que seu autor poderá ser responsabilizado judicialmente caso denigra a imagem de terceiros. O aviso serve em especial aos que utilizam ferramentas de postagens ocultas ou falsas, pois podem ser facilmente identificadas pelo rastreamento do IP da máquina de origem, como já ocorreu.

A DIREÇÃO