O PDT debandou para o lado do PMDB, deixando o prefeito Zé Rover na mão? O PP do Chefe do Executivo está rachado? Rosane Donadon não pode ser candidata? Luizinho Goebel será candidato? E Junior Donadon vai ou não?
Estão são apenas algumas das perguntas que povoam os corredores da sucessão municipal em Vilhena. Disparadas a partir do desenrolar dos fatos, as “conversas” acabam se tornando mitos porque certos acontecimentos ficam mal explicados. Com a chegada do período eleitoral, que já está logo ali na frente, o caldeirão entorna.
Fazendo a tradução a partido do que se sabe oficialmente sobre o panorama atual, após um ano bem conturbado, a leitura mais fiel – e justa – quanto a situação da aliança que está no poder é óbvia: o grupo está desgastado junto com a imagem de sua maior estrela, o prefeito Zé Rover, e perde apoio de partidos.
Entre as defecções mais importantes pode estar o PDT. A partir de influência do senador Acir Gurgacz. Legendas pequenas, como o PSL, já foram atraídas pelo PMDB e PTB. Com novo comando, o PT ainda vai avaliar se fica com Rover, e o PSB também parece estar em cima do muro. O DEM deve manter-se fiel, inclusive recebendo mais espaço no derradeiro ano desta gestão.
Mas, não termina por aí. O PP tem duas questões internas entrelaçadas e complexas de se apaziguar, derivadas do poder político do senador Ivo Cassol, expoente dos Progressistas no Estado.
Afastado de Rover, o ex-governador Cassol, que enfrenta problemas jurídicos e pode perder o mandato a qualquer momento, tem o controle do diretório municipal através de seu aliado Ilário Bodanese, presidente provisório. Esta ala do partido é bem próxima ao deputado Luizinho Goebel, com quem o atual prefeito vive relação ambígua.
A rigor, Rover está apenas com uma alternativa para ter nas eleições um sucessor “genuíno” de sua aliança: o demissionário secretário municipal de Educação, José Arrigo, que deixa o posto nesta segunda-feira.
O deputado do PV, aliás, é personagem importante no tabuleiro nesta fase do jogo. Reluta ainda em admitir a possibilidade de candidatura a prefeito, mas também não nega tal condição de forma convicta. É tido como espécie de “candidato natural” de parte da aliança que elegeu e ainda sustenta o atual prefeito.
Também é cortejado por um pedaço do PSDB, que admite inclusive estar ao lado de Luizinho e Rover num palanque – desde que o prenome do último seja Lisangela. E, é evidente, a relação com Cassol funciona como importante alicerce.
Entre os tucanos reina a divisão, algo natural. Filiados mais antigos, cuja voz ressoa através do vice-presidente Junior Pintor, falam em candidatura própria mas torcem o nariz para nomes lançados pelo partido. Preferem a um nome “diferente”, e apontam para o presidente da Câmara, Junior Donadon. Também tem olhos paras abdicar de nome próprio em favor de Goebel. Os egressos mais recentes ao ninho inflam os nomes da advogada Vera Paixão ou de um empresário do ramo de combustível que será conhecido em Vilhena como o “eterno” pré-candidato.
No outro extremo da balança – já que todos os anteriores citados estavam em palanque oposto há quatro anos, está o PMDB na condição de “rosto” do ex-prefeito Melki Donadon. Contando com a representatividade da deputada Rosangela Donadon e com o carisma da esposa Rosani, o clã se prepara para tentar retornar ao poder na província. Ao invés de tentar trazer de volta aliados que debandaram para o outro lado, Melki parece minar as bases do adversário, o que se confirmará se a aproximação com o PDT ficar mais forte.
Um fato a ser apontado diz respeito a questão da ex-primeira-dama com a Justiça Eleitoral, posto que haverá necessidade de ato que confirma eventual candidatura. Neste caso, o “coringa” em que todos apostam é a representante da família na Assembleia Legislativa. O mandato parlamentar não correria risco no caso de derrota na competição local, mas a cadeira seria perdida se Rosangela fosse vitoriosa na disputa. Uma decisão complicada, pois no grupo não existem nomes com mais apelo que o das duas cunhadas.
Texto: Extra de Rondônia
Foto: Extra de Rondônia