O último homicídio de 2.015 registrado em Vilhena causou grande repercussão em virtude de suas próprias circunstâncias. O caso da jovem Vânia Rocha, que confessou ter matado o namorado Marcos Catanio Porto com golpes de faca na manhã de 30 de dezembro foi noticiado em rede nacional, e acabou tendo desdobramento inusitado. A notícia acabou indo parar num perfil do Facebook dedicado a comunidade cética, denominado “Atheist Think”.
O post acerca do fato faz referências a suposta crença evangélica de Vânia, revela em seu próprio perfil na rede social. A pessoa que mantém a página Atheist Think comenta o ocorrido através de tal prisma, provocando um debate teológico em torno do caso. Confira abaixo a postagem, e acompanhe através do link a discussão provocada pelo crime vilhenense:
“Esta é Vania Basílio Rocha, que matou o ex-namorado a golpes de faca durante as preliminares do ato sexual. Declarou querer matar alguém, chegando a fazer uma lista com três nomes. Diz não se arrepender e que ficou olhando em seu olho até ele morrer. Eu tive acesso ao perfil no Facebook de Vania, e o que me chamou a atenção, e que claro, não é comentado, é ela ser evangélica, frequentar uma igreja, e ter muitos posts em seu perfil falando sobre deus.
Nesses acontecimentos o que costumamos ouvir de religiosos, é que ela não seria uma de verdade, ou então, que está com o diabo no corpo, como realmente aparece em seu perfil, onde amigos que podem comentar as postagens, escrevem que ela está com o diabo no corpo, ou que ela é o próprio.
Nós sabemos, claro, que ela é uma pessoa com problemas mentais. Mas queria chamar a atenção para isso, para alta valorização no Brasil de quem se diz com “deus”, julgando o caráter de pessoas, só por esse detalhe, que é muito simples, fácil, qualquer um diz que tem deus no coração, e o problema, é essa pessoa ser tão valorizada a ponto de não ser questionada e ser 100% aceita, exatamente por esse motivo, pastores que na verdade são ladrões, se dão bem as custas de ser um “homem de deus”.
Vania inclusive era baba, onde provavelmente a informação mais importante do curriculum dela, é ter deus no coração. Ao passo que pessoas que simplesmente não tem uma crença sobrenatural, são julgadas como bandidos, pessoas capazes de qualquer coisa, a ponto de serem desprezadas por familiares e amigos. O que leva a grande esmagadora maioria de ateus e agnósticos a ficarem no “armário”.
Olhando o perfil de Vania, ela é uma queridinha do Brasil, aceita por todos e sem julgamentos, enquanto que o meu perfil pessoal, seria desprezado, rejeitado, e até denunciado, como realmente é, pelo simples fato de eu me posicionar em público como ateia, divulgar e na medida do possível, ajudar a outros ateus, e só posso fazer isso abertamente, por morar no exterior e não depender do Brasil para nada, caso contrário teria diversas dificuldades. Mas eu, na maioria das vezes, faço mal a mim mesmo, para não fazer a outras pessoas, na maioria das vezes, eu me prejudico, para não prejudicar ninguém.
Recente pesquisa do Jornal Estadão mostra que brasileiros acham mais grave falar mal de deus, que a corrupção no governo, acham mais grave falar mal de deus, que crimes, como suborno a autoridades, acham mais grave falar mal de deus, que ocupar o espaço especial, limitado e reservado, a deficientes físicos.
Você confia, aceita e inclui pessoas somente porque falam que tem deus no coração, assim como mais de 2.000 pessoas, entre amigos e seguidores de Vania? Você provavelmente vai responder que não, mas se você me exclui, sim, você faz exatamente isso, e não sabe quantas Vanias ou quantos Silas Malafaia, o enganando de todas as formas possíveis, você tem ao seu lado. Parabéns.
Bruna
*Devido a falta de capacidade de interpretação de algumas pessoas, foi obrigada a editar e incluir esse paragrafo. Mostrar o que acontece, mostrar o caso, de forma alguma estamos dizendo que quem acredita em deus faz essas coisas, como tem gente dizendo, estamos sim mostrado que o argumento usado para discriminar os ateus não é válido. O post é para quebrar preconceitos e não para formar novos preconceitos, nós não julgamos ninguém por ter ou não deus no coração. Não somos nós que fazemos isso. E preocupa mais ainda essa falta de entendimento com o post, pois querer esconder que todos somos iguais, que não depende disso para ser uma pessoa boa, significa querer fazer a imagem de religiosos, independente de qualquer coisa, ser algo intocável. E essas sim são as pessoas que fomentam o preconceito”.
Leia os comentários relacionados ao debate no link:
https://www.facebook.com/Atheistthink/posts/935630183140709:0
Fonte: Extra de Rondônia
Foto: Extra de Rondônia