Na mesma entrevista, por telefone, à TV Bandeirantes de Juína, na qual revelaram ter assassinado os jovens Genes Moreira, 24, e Marciano Cardoso, 27, por vingança pela morte de um indígena, em 2015, os índios da etnia Enawenê Nawê afirmaram que estão dispostos a matar mais gente, caso a população de Juína continue os “ameaçando”.
“Se eles continuar, também nós ‘vai’ continuar brigar com eles. Se eles ‘vai’ continuar ameaçando matar nós, nós vai continuar matar também”, desafiou, Ururu.
Por telefone, um índio, identificado apenas como Ururu, argumentou que muitas pessoas da cidade e fazendeiros têm ligado para a aldeia fazendo ameaças, inclusive de morte e avisou que estão prontos para revidar de forma concreta. “Se eles continuar, também nós ‘vai’ continuar brigar com eles. Se eles ‘vai’ continuar ameaçando matar nós, nós vai continuar matar também”, desafiou, Ururu.
Os indígenas afirmaram que têm realizado várias reuniões para discutir a situação de tensão armada logo após a morte dos jovens em confronto durante pedágio ilegal na BR-174, no dia 9 de dezembro.
“Aqui (aldeia) tem tudo. Todo mundo tá ‘puxando’ pela internet a família deles, o rosto deles. Todo mundo tá com foto. Se eles vai mexer com gente de novo, nós também vai mexer com eles”, avisou.
Sobre a reação das famílias das vítimas, que durante o último final de semana bloquearam as rodovias que cortam Juína, em protesto contra os índios, o representante da aldeia disse, em tom de ameaça, que eles estão acompanhando tudo pela internet e que, inclusive, têm os rostos dos familiares. “A gente está sabendo, por isso a gente tá reunido. Aqui tem tudo. Todo mundo tá ‘puxando’ pela internet a família deles, o rosto deles, todo mundo tá com foto. Se eles vai mexer com gente de novo, nós também vai mexer com eles”, avisou.
Além das ameaças os índios deixaram claro que pretendem fazer, nos próximos dias, um bloqueio da rodovia federal BR-174, em Comodoro, como resposta às retaliações. Com relação aos pedágios ilegais, eles afirmaram continuarão realizando tal prática. Os indígenas alegam que todo o dinheiro arrecadado é distribuído entre as famílias moradoras da aldeia.
A entrevista foi transmitida na noite desta terça-feira (12).
A VINGANÇA
A morte que teria sido motivo dos assassinatos, como forma de vingança, seria do índio Daliameali Enawenê, que foi baleado e morto em um confronto na MT – 170, em Brasnorte, em outubro do ano passado, quando também ocorria um pedágio ilegal, uma situação parecida com a que ocorreu no mês passado.
As mortes de Genes Moreira, 24, e Marciano Cardoso, 27, teriam sido uma decisão tomada por toda aldeia.
CASO X REVOLTA
O clima de revolta ainda é grande em Juína. A população está inconformada com o fato de os índios ainda estarem em liberdade mesmo tendo confessado a autoria dos crimes e continuar controlando a rodovia, negando às pessoas o direito de ir e vir. Mesmo alguns índios que foram detidos com caminhonetes roubadas em Vilhena, no estado vizinho de Rondônia, nenhum deles foi preso porque pagaram a fiança de cerca de R$ 1 mil cada.
Texto: Reprodução Repórter MT