A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira, 12, a Operação “Ficus”, com o objetivo de desarticular esquema de propina e lavagem de dinheiro no município de Vilhena e região.
Estão sendo cumpridos 9 mandados de condução coercitiva, 4 mandados de prisão preventiva e 1 de prisão temporária, bem como 16 mandados de busca e apreensão, todos na cidade de Vilhena.
Segundo as investigações, grande quantia em dinheiro era desviada da prefeitura de Vilhena para empresas locais e desaparecia em seus movimentos contábeis (lavagem de dinheiro). Por fim, era repassada para servidores públicos.
A suspeita inicial se deu com a descoberta de um contrato de trabalho em que a empresa de engenharia – considerada a maior empreiteira em Vilhena – forjou um contrato de terceirização de pessoal com empresa pertencente a um ex-servidor do alto escalão da prefeitura.
Esse contrato previa o repasse de quase 10% dos valores envolvidos em pagamentos trabalhistas de cada obra. A empresa do ex-servidor, no entanto, só existia no papel e era movimentada pela própria empresa de engenharia.
Com a deflagração da Operação “Stigma”, também em Vilhena, descobriu-se a existência de uma contabilidade paralela na empresa de engenharia em questão. Foram encontrados arquivos de planilhas, cujos gastos não constavam da contabilidade oficial, que tinham o nome de “comissões em geral”, dentre outros nomes característicos.
O confronto destas planilhas com o resultado de quebras de sigilo bancários revelou o pagamento pela empresa de engenharia (e suas coligadas, entre elas uma empresa que gere aterros sanitários) de vultuosas quantias a servidores públicos e agentes políticos, sem que houvesse razão para tanto.
A Polícia Federal constatou, ainda, o superfaturamento em grandes obras em Vilhena, em especial o asfaltamento da avenida Tancredo Neves, cujos valores ilegais pagos pela prefeitura municipal somariam a quantia de cerca de R$ 2,5 milhões.
Além disso, também foram identificados pagamentos de grandes quantias da prefeitura a uma conhecida empresa do ramo de alimentos, que fez doações para campanhas e repasses para pagamento de dívidas de pessoas ligadas a ex-servidores públicos municipais.
“Ficus” é o gênero de árvores que, apesar de frondosas em seu exterior, lançam no solo raízes profundam que sugam os nutrientes de tudo ao redor, diminuindo a vitalidade de outros vegetais em seu próprio e único benefício.
O nome da operação, portanto, remete a uma falsa sensação de prosperidade quando, em verdade, tudo que não participa do esquema é vítima de exploração silenciosa.
Texto: Assessoria PF
Foto: Divulgação