vilhena (1)Nesta quarta-feira, 23, atravessando um dos períodos mais turbulentos de sua trajetória política, o Município de Vilhena chega aos 39 anos de emancipação político administrativa.

Entretanto, a concepção do que vivia a ser esta cidade ocorreu há mais de um século, em 1.909, com a chegada da gloriosa Expedição Rondon.

O aniversário desta quase “quarentona” acontece sem festas e em clima de expectativa, depois do furacão que atravessou o Centro Cívico e com a perspectiva da posse dos novos gestores.

A História registra, como é de conhecimento geral, que em meados de maio de 1.909 a Expedição Rondon, que tinha como missão instalar linhas telegráficas ligando o Norte ao Centro-Oeste do Brasil, atravessou o riacho que hoje é conhecido como Barão do Melgaço e levantou acampamento no local. Ali foi erguida a estação telegráfica que começou a funcionar no ano seguinte, e denominada em nome de um dos oficiais que acompanhavam o Marechal.

A estação, no entanto, funcionou por curto período com a chegada do telégrafo sem fio. Relegada ao ostracismo por décadas, o núcleo voltou a ser importante novamente graças ao interesse do presidente Juscelino Kubitscheck, na década de 50, quando foi elaborado e executado o projeto de nome “O Outro Braço da Cruz”. A ideia era ligar através de rodovias cruzando de norte a sul e leste oeste, passando pela região onde seria erguida a capital federal, a futura Brasília.

Vilhena, que até hoje tem como característica estratégica a localização, acabou sendo escolhida como local de apoio as empreiteiras que abriam a BR 364, entre Porto Velho e Cuiabá. Para concretizar o projeto, o governo federal construiu uma pista de pouso e instalou base da Aeronáutica. O acampamento foi ocupado por operários e após a conclusão da obra o Exército instalou uma unidade do 5º BEC, para cuidar da manutenção da estrada.

Este núcleo acabou sendo mais uma vez escolhido como ponto de suporte para a implantação de projeto de colonização rural da Amazônia, da Ditadura Militar, denominado PIN-POLONOROESTE, na década de 70 do século passado. A meta proposta era instalar milhares de colonos na região entre Vilhena e a fronteira com a Bolívia e Mato Grosso, distribuindo cotas de terras. A cidade acabou se tornando destaque e vital para a região, mesmo não sendo o principal centro produtivo.

O povoado foi crescendo e a medida em que o então Território de Rondônia avançava com a colonização se desenvolveu. Até que em 23 de novembro de 1.977 tornou-se oficialmente Município, tendo como primeiro prefeito indicado Renato Coutinho. Até 1.982 foi administrada por prefeitos nomeados pelo governo, como Bonifácio Almodóvar, Arnaldo Lopes Martins e Albino Wobeto.

Em 1.982 elegeu o primeiro prefeito, Vitório Abrão. Com gestão marcante em todos os sentidos, Abrão fez empreendimentos expressivos, mas acabou afastado por denúncias de irregularidades. O mandato foi concluso por Élcio Rossi. Em 1.989 tomou posse o segundo prefeito a rigor eleito pelos vilhenenses, Lorivaldo Renato Ruttmann. Outro mandato movimentado, mas que foi reprovado pelos eleitores, que entregaram o governo ao opositor Ademar Suckel, que fez administração técnica, sem escândalos mas poucos empreendimentos que deram certo.

Em 1997 teve início a participação do Clã Donadon na política local, a qual mantém-se viva e influente no Município. Em primeiro de janeiro daquele ano assume Melki Donadon, tendo como vice Heitor Tinti Batista. Foram tempos de ritmo acelerado. Donadon trouxe inúmeros projetos e parcerias com o governo federal, abrindo caminho para a política de “buscar recursos” que perdura até hoje. No campo político a movimentação era frenética, com Melki se aventurando numa disputa ao governo que mudou o rumo da sucessão estadual.

Derrotado, deu a volta por cima em 2.000, derrotando o ex-aliado Heitor, que havia assumido a prefeitura com sua renúncia. Outro mandato agitado, que teve continuidade em 2005 com o primo Marlon Donadon. O desgaste natural causado pelo tempo e o controverso governo de Marlon levaram o clã a perder o controle da cidade após praticamente doze anos de comando. Zé Rover assume em 2.009 vencendo uma das eleições mais disputadas da história.

Embalado pelo bom momento do governo federal, no segundo mandato do presidente Lula, Rover conseguiu expressivo volume de trabalho nos primeiro mandato, tanto que conseguiu permanecer no cargo em campanha menos apertada. Porém, a coisa desandou na segunda metade da nova gestão, principalmente a partir de julho de 2.015, com o início da Operação Stigma.

Revigorado com a eleição de Rosangela Donadon a Assembleia Legislativa e de quase ter conseguido colocar Raquel Donadon na Câmara Federal, o Clã ressurge como favorito para comandar as cidade, tendência confirmada com a vitória nas eleições.

Para fechar o ano, e talvez o ciclo, justamente em sua despedida dos trinta, Vilhena “comemora” a passagem com o prefeito original na cadeia – assim como a maioria absoluta da Câmara – e a sua sucessora sob a espada da Justiça para confirmar a vitória, e sem nenhuma festa oficial. Parabéns?

 

Texto: Extra de Rondônia

Foto: Vicente Moreira

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