Segundo as informações recebidas neste domingo, 24, pela reportagem do Extra de Rondônia uma confraternização numa fazenda na região de Cerejeiras, quase termina em morte.

Diversas pessoas estavam numa festa neste sábado, 23, véspera de Natal, e faziam uso de bebidas alcoólicas. Porém, houve um desentendimento entre um homem conhecido por Jorge e seu tio, nome não divulgado até o momento.

Em certo momento os ânimos se alteraram e Jorge se apossou de uma arma e teria disparado um tiro na nuca do seu tio. Logo após o tiro, o filho da vítima entrou em luta corporal com Jorge.

Testemunhas do ocorrido socorreram a vítima até ao Hospital São Lucas na cidade de Cerejeiras. Após receber atendimento médico, a vítima em estado grave foi encaminhada para o Hospital Regional de Cacoal (HRC).

A Polícia Militar (PM) foi chamada para registrar a ocorrência. Com isso, o filho da vítima revelou aos policiais que Jorge era nome falso e que o verdadeiro nome do autor do disparo contra seu pai era Adair José Belo, de 46 anos, e ex-policial militar no Estado do Mato Grasso do Sul.

Além disso, o sobrinho relatou que Adair teria comprado à fazenda próxima da cidade de Pimenteiras, ponto estratégico para comandar o tráfico internacional de drogas.

O filho da vítima ainda teria reforçado que seu tio Adair era o braço direito de um traficante que foi morto no Paraguai por membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em emboscada com disparo de uma metralhadora .50 – arma que derruba helicópteros e aviões.

Diante dos fatos, foi feito buscas na fazenda e encontrado um revólver 357, uma pistola 9mm adaptada para disparar sem interrupção e diversas munições calibres 22 e 12.

Adair não foi preso, está sendo procurado pela polícia.

Leia abaixo matéria sobre o ex-policial militar Adair que quer vingar seu ex-patrão e retomar o controle do tráfico na fronteira Brasil/Paraguai.

A guerra do narcotráfico na fronteira entre Brasil e Paraguai ganha novos contornos com remanescentes do grupo de Jorge Rafaat Toumani, executado em junho de 2016 com tiros de metralhadora antiaérea. Ele tentava expulsar o PCC (Primeiro Comando da Capital) da região e voltar a controlar o tráfico de armas e drogas.

O ex-policial militar Adair José Belo, 46 anos, estaria tramando para vingar a morte de seu ex-patrão. Belo, que já foi segurança de outro megatraficante, Irineu Domingos Soligo, o “Pingo”, trabalhava com Rafaat nos últimos anos.

Após a execução violenta de Jorge Rafaat, a tiros de metralhadora .50 no dia 15 de junho de 2016 quando transitava a bordo de um veículo Hummer blindado em Pedro Juan Caballero, por supostos pistoleiros do Primeiro Comando da Capital, a fronteira se tornou um campo de batalha, onde vários grupos tentam se instalar e dominar o submundo do crime organizado. É um negócio que supera a renda de diversas multinacionais, acima de 300 milhões de dólares por ano.

As ruas de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com a cidade de Ponta Porã, a 330 quilômetros de Campo Grande, se tornaram palco de batalhas onde os adversários se enfrentam com armas de grosso calibre e aumentam a conta de velórios.

O brasileiro Adair Jose Belo é natural do Paraná e foi soldado da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul. Em 1994, ele desertou do cargo, após executar, a mando de traficantes, um sargento da PMMS. Preso um ano depois, se tornou testemunha da Justiça para mapear o tráfico de drogas na região do Conesul. Anos depois, foi solto e voltou a trabalhar no narcotráfico.

Carreira no crime

Belo é foragido da justiça brasileira e para transitar pelos países estaria usando o nome do irmão Altair Jorge Belo, cuja mulher, a brasileira Josiane Vanessa Zilio, 32 anos, foi executada a tiros de fuzil no dia 31 de agosto de 2016. A mulher estava grávida e teria morrido por se envolver com traficantes rivais.

De acordo com autoridades no combate ao crime, “Belo” foi pistoleiro de Rafaat e coordenador do envio de cocaína vinda da Bolívia para o interior de São Paulo. Preso em 2012, em um sítio em Batayporã, fugiu do Centro de Triagem, em Campo Grande, pela porta da frente. Sua fuga gerou investigação e demissão de servidores da Agepen.

Ele tenta reunir outras quadrilhas da região na guerra contra o PCC, principalmente após o início das rebeliões de presos em vários locais do País, que tornou a quadrilha paulista o “inimigo a ser batido” pelas organizações criminosas locais.

Além de traficantes paraguaios, Belo recrutou apoio de quadrilhas de Santa Catarina, Mato Grosso e Bolívia. O paranaense é tido como um homem de extrema periculosidade e frieza, que após a execução de Rafaat, desapareceu do mapa sem deixar rastro mas que contaria com o apoio de algumas autoridades para transitar sem problemas pela região.

“O único jeito de expulsar o PCC é contar com apoio de outros megatraficantes do Paraguai. O PCC é aliado de Jarvis Chimenes Pavão, que também é figura controversa no mundo do crime”, avalia uma autoridade que atua na fronteira. “Todos sabiam que a figura de um chefão, como foi Fahd (Georges) e Rafaat mantém a paz na fronteira. Assim que Rafaat morreu, olhe como aumentou a violência em Pedro Juan”, comenta.

Armas e munições apreendidas na fazenda do suspeito

 

 

Texto: Extra de Rondônia

Foto: Extra de Rondônia

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