O site Ditadura em Vilhena evidencia os espaços públicos da cidade que são consagrados aos ditadores militares, de 1964 até 1985. A página possui um mapa da cidade com esses lugares, além de oferecer informações sobre esses personagens e de situar o conhecimento dos vilhenenses que se relacionam com eles.
O trabalho é resultado dos projetos de pesquisa e de extensão do Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que contaram com um total de cinco bolsas para estudantes.
A produção do site exigiu o recolhimento de documentos públicos sobre esses lugares e a entrevista de 120 pessoas. 108 são moradores das ruas Castelo Branco, Costa e Silva e Presidente Médici, o equivalente a 50% das habitações nestes logradouros, e 12 são funcionários da Escola Municipal de Ensino Fundamental Castelo Branco.
Um dos pontos mais alarmantes encontrados com as entrevistas foi o notório desconhecimento da população sobre esse período histórico do Brasil, até por profissionais destinados à educação no município.
Mesmo após mais de 30 anos do fim da ditadura militar, abordar criticamente aspectos desse período ainda é difícil, pois alguns que sofreram com ele preferem esquecê-lo ou silenciá-lo e os que o defendem não assumem os problemas existiam.
“Como constatamos através de entrevistas, muitas vezes trata-se mesmo da falta de conhecimento sobre uma época que deixou marcas tão profundas na história do nosso país. O resultado foi surpreendente, já que nos deparamos com um cenário em que 2/3 dos entrevistados são contrários à mudança da nomeação da escola, com todos os 5 que não sabiam nada sobre Castelo Branco preferindo a não alteração da homenagem, mesmo com o desconhecimento”, explicou Maria Victória Silva, bolsista do projeto e estudante do curso de Jornalismo da UNIR.
A transmissão de informação aos moradores da cidade e a promoção de uma reflexão crítica sobre a ditadura militar e o espaço urbano de Vilhena estão entre os principais ganhos do projeto.
“Em alguns lugares do Brasil, os espaços públicos que reverenciavam os ditadores têm seus nomes alterados, mas a região Norte, de modo geral, está fora desses debates. A ideia dos projetos era trazer essa discussão para âmbito local, com criticidade acerca da ditadura militar e apresentação dessas produções digitais à população e aos gestores da cidade”, explicou o coordenador e professor Allysson Martins.
Texto e fotos: Assessoria