Um dia após tomar posse como novo secretário municipal de saúde de Vilhena, Afonso Emerick Dutra visitou a redação do Extra de Rondônia na manhã deste sábado, 25, momento em que fez entrevista e abordou assuntos importantes da pasta. Leia mais AQUI
Ele também esclareceu pontos considerados espinhosos, o que ele respondeu com naturalidade.
Um deles é se está apto juridicamente a ser nomeado secretário devido a boatos de que seria “ficha suja”.
Na entrevista, Emerick elogiou o prefeito Eduardo “Japonês” (PV), disse com veemência que não está em Vilhena como forasteiro e pediu aos vilhenenses tempo para reorganizar a saúde pública. Leia a entrevista abaixo:
EXTRA – Qual é sua avaliação da atual situação da saúde pública de Vilhena?
EMERICK – Entrei ontem e ainda não tive condições de fazer um diagnóstico maior. Mas através de uma análise rápida, constate que há muita coisa que não está funcionando. Ontem (sexta-feira) estive no Hospital Regional (HR) junto com o prefeito Eduardo “Japonês”, vereadores e parte da equipe, e o que me preocupou é que há algumas coisas que não estão dentro do que se precisa fazer, como o pronto socorro. O local tem que funcionar, e me preocupou o quantitativo de gente que passa por lá. A saída para conseguir melhorar nosso hospital é potencializar a atenção básica, tais como consultas e outros. Se eu tirar do HR 100 pacientes por dia, a unidade passa a ter humanização.
EXTRA – Quais são os problemas encontrados com relação a aparelhos?
EMERICK – Nós estamos com problemas na manutenção. Há contratos interrompidos. Tem algumas situações que temos que agir rápido. Vamos analisar para diminuir o fluxo de pessoas no hospital, que tem que ser urgência e emergência.
EXTRA – Há uma reclamação a respeito do “prazo” de permanência de secretários de saúde em Vilhena. Você é o quinto, por enquanto, no período de 2017/2020. Marco Vasques ficou 1 ano e 4 meses na gestão Rosani Donadon (MDB). O médico André Monteiro ficou um mês na pasta (03 de maio a 6 de junho) e a servidora Maria de Fátima de Jesus ficou 24 dias (6 a 30 de junho) na gestão do tampão Adilson de Oliveira (PSDB). Já na gestão de “Japonês” o médico Luiz Hassegawa ficou 48 dias (01 de julho a 18 de agosto). Quanto tempo você pretende ficar no cargo?
EMERICK – O meu histórico é de permanência. Fiquei 8 anos como secretário de saúde em Cerejeiras, e agora 5 anos e 7 meses em Santa Luzia. Eu gosto de desafios. Passei a ter paixão pelo SUS. Estou há 13 como presidente dos secretários de saúde do estado de Rondônia. Quero aqui deixar o meu agradecimento e elogios ao prefeito Eduardo “Japonês” por ter aceitado o desafio e ser uma pessoa que quer o melhor para Vilhena. E eu disse pra ele, literalmente: “Você está me tirando de uma ´área de conforto’ e me colocando numa ‘trincheira de guerra”. E eu tenho consciência disso. Vamos a começar a ‘apagar os incêndios’. Por isso digo a vocês, eu preciso de tempo. Exemplo disso são os benefícios. Incluímos as emendas agora e temos que esperar, no mínimo, um ano para ter os benefícios. Os recursos do município são paliativos, para reorganizar o fluxo de atendimento, aliás, que já estamos trabalhando nisso. Agora, nós precisamos buscar recursos novos, e tem que ser estadual e federal. Para o próximo ano, vamos colocar a UPA para trabalhar. O prefeito está com vontade de fazer, tem ousadia.
EXTRA – Outra reclamação geral deve-se à nomeação de secretários de outros municípios para comandar a saúde, subestimando a capacidade dos que moram em Vilhena. Você se enquadra nesse perfil?
EMERICK – Não vim como forasteiro. Sou de Vilhena, tenho residência fixa e meu futuro é aqui. Estou aqui para contribuir. Tenho casa, irmãos, minha família mora aqui. E os que não estão em Vilhena estão em Cerejeiras. Vocês me conhecem praticamente há 30 anos.
EXTRA – Uma pergunta inevitável: você está apto juridicamente para exercer o cargo?
EMERICK – Já saiu o meu decreto de nomeação. Ninguém é louco de fazer um decreto se não tiver certidão. Tive uma multa que foi sobre o atraso de um dia na entrega de um balancete. Isso pode ser checado no Tribunal de Contas. Há uma tomada de contas na época que estive em Cerejeiras, mas já foi pago. Porém tenho todas as certidões. Enviei minhas certidões antecipadamente ao prefeito e fiz questão que anuncie meu nome só quando estiver tudo certo, até para evitar especulações. Em 14 anos de gestão não tenho nenhum processo em andamento. Agora, é natural a justiça emitir alguma decisão ao se tratar em aquisição de medicamentos, mas nem mesmo esses tenho em andamento.
EXTRA – Você pretende trazer de fora algumas pessoas para ajudar na sua equipe?
EMERICK – Não tenho essa pretensão. Eu quero aproveitar, ao máximo, a equipe de Vilhena, que é muito boa. Lá em Santa Luzia, quem trabalhava comigo, como adjunto, assumiu a saúde no meu lugar.
EXTRA – Quem é seu adjunto?
EMERICK – Ainda não temos. Eu pedi ao prefeito prazo de 15 dias para analisar a equipe. Não posso errar na equipe.
EXTRA – Muito se fala em atraso no pagamento de servidores, principalmente os médicos. Tem algum plano de ação neste sentido?
EMERICK – É marca da minha gestão pagar os servidores em dia. Não gosto trabalhar com dívidas. Vamos resolver todas as pendências, mas peço um pouco de paciência da comunidade. Funcionário tem que receber em dia, esse é o nosso dever.
EXTRA – O que você poderia dizer aos servidores da saúde?
EMERICK – Quero mandar mensagem aos servidores: vocês podem ficar extremamente tranquilos. Sou um secretário de diálogo, porém vou cobrar a cada um que cumpra suas funções estabelecidas m contrato. Quero ter a oportunidade de falar com cada um deles e fazer uma parceria de trabalho juntos, preciso dessa união e em prol de melhorias na saúde.
EXTRA – Para finalizar a entrevista, qual é sua mensagem à população de Vilhena?
EMERICK – Eu vim com a missão de fazer saúde. Faço isso há 14 anos. Vou procurar usar minha experiência e conhecimento, dentro do Estado e fora de Rondônia para melhorar a saúde de Vilhena. Sei que dias melhores virão. Podem esperar um secretário tranquilo, pé no chão, tomando as decisões em parceria com o prefeito.
Texto: Extra de Rondônia
Fotos: Extra de Rondônia