Resido na parte alta da cidade, há 1 km da BR. Quando a noite cai e o barulho da cidade começa a diminuir, então passo ouvir, com mais nitidez, outro tipo de som. Ele se prolonga pelo final da noite, avança pela madruga e vai até o romper do dia.

É o “roncar dos caminhões!” Dezenas, centenas de caminhões, repletos de milho e soja, vindos do norte do Mato Grosso, passam por Vilhena, carregando milhares de toneladas, rumo a Porto Velho-RO, e de lá partem para o exterior. Divisas preciosas ingressam na economia do país, fomentando nosso crescimento. Por quê?

Porque um significativo grupo de agricultores, vendo a terra e acreditando no seu potencial, resolveu investir recursos próprios, recursos de terceiros, hipotecou seus bens, para irem em busca de um sonho! Admiráveis homens de fé! Fé na terra e no trabalho! Fé de que as chuvas viriam no tempo certo e na hora da colheita elas cessariam.

Muitos empregos foram criados. Investimentos enormes em maquinário, adubo, insumos agrícolas foram feitos! Resumindo, um trabalho duro foi realizado, apesar dos inúmeros riscos dessa atividade econômica. A terra, contudo, foi generosa e cumpriu sua missão; os silos se encheram; riqueza foi gerada a partir da fé, trabalho, esperança. Aqueles empreendedores ignoraram a crise e acreditaram num mercado crescente. Eles também acreditaram que na hora da venda, os preços obtidos remunerariam os investimentos feitos… E com a graça de Deus, isso tem ocorrido com regularidade nos últimos anos, nesta região deste abençoado país!

Enquanto a maioria dos brasileiros dorme e descansa, depois de um dia de trabalho, há um outro Brasil que está trabalhando com afinco: são os caminhoneiros, cumprindo seus contratos, ignorando se é um dia normal ou feriado; se a inflação está alta ou não; se há uma crise ou não no país… Enquanto milhares de homens e caminhões percorrem noite e dia nossas estradas, há um outro Brasil composto de meros “expectadores”; há um outro Brasil que diante de tanta riqueza circulando na nossa frente, ainda não conseguiu se envolver nesse processo, nem se beneficiar dela.

Temos a segunda maior usina hidrelétrica do mundo, que por princípio deveria produzir a energia a um custo muito baixo. Porém a realidade é bem distinta disso. A industrialização tem se mostrado inviável e exportamos o grão in natura, cujo preço é bem menor, em vez do produto industrializado, deixando assim de agregar valor, de gerar emprego e renda neste país continental, com 13 milhões de desempregados…

Lendo o relatório de 2017 de uma das maiores exportadoras de grãos do país (multinacional), fiquei sabendo que ela havia contratado 1.000 empresas de transporte, cada uma com no mínimo de 3 caminhões, para atender sua demanda anual. Uma das nossas transportadoras assinou recentemente um contrato com a Petrobrás Distribuidora para ampliar a distribuição de combustíveis na região norte. Resultado: 20 novos caminhões foram adquiridos apenas para atender este mercado em expansão. É riqueza gerando riqueza; é trabalho gerando resultados; é mercado gerando emprego e desenvolvimento.

Convido-o a deixar de ser um expectador para se transformar num participante ativo do Brasil agrícola. Convido-o a ouvir e a ser importunado pelo roncar dos caminhões. Oportunidades existem e bem próximas de nós. Só não as vê, quem não quer!

Texto: Humberto Lago/Consultor Empresarial

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