Chegou-me via wattszapp essas imagens do livro “Em defesa do socialismo”, escrito por Fernando Haddad. Tentei confirmar o conteúdo, naveguei pelas bibliotecas virtuais da Unicamp, USP e UnB, enfim, por todo o Google, e não foi possível confirmar a autenticidade do texto. O livro de fato existe.
Essa publicação é, provavelmente, fake, mas o que chamou-me a atenção é que nessas páginas, vislumbra-se uma descrição plausível do Brasil a partir de 2003, quando o PT e a esquerda ascenderam ao poder.
Em minha opinião, o maior expoente do marxismo depois do próprio Karl Marx e Fredrich Engels, foi (e é) o italiano Antonio Gramsci. Gramsci desenvolveu a chamada “Teoria da hegemonia cultural”. Por essa teoria, Gramsci discorda dos líderes comunistas soviéticos – primeiro Lenin, depois Stalin – no que diz respeito à tomada do poder pelos “trabalhadores”.
Para os líderes da revolução russa, a internacionalinação do comunismo deveria se dar via luta armada em cada país – “trabalhadores” contra burguesia.
Já para Gramsci, a tomada do poder deve se dar via infiltração da esquerda nos postos chaves da administração pública, principalmente em setores que, direta ou indiretamente, são ligados à cultura, para fazer uma espécie de “lavagem cerebral” em massa na população, podendo assim assumir o controle do Estado sem luta, sem derramamento de sangue, e de forma incontestável – por ser incontestável, temos em mãos um projeto de poder, e não projeto de pais, de governo.
Devemos nos perguntar: ao elaborar a sua teoria da hegemonia cultural, estaria Gramsci se dirigindo ao movimento comunista internacional enquanto ideólogo, ou sua tese era uma proposta para a Itália livrar-se do fascismo? Pensadores diversos antagonizam-se em defesa das duas possibilidades. Há os que vão além e sustentam que Gramsci pretendia atingir os dois objetivos. No Brasil, o PT se elegeu democraticamente, isso é fato. Todo partido para chegar ao poder usa de estratégias de base, isso desde a Grécia antiga. O grande eleitor do PT em 2002 foi o desgaste do PSDB.
O maior laboratório das idéias de Gramsci no mundo foi o PT no Brasil. Na verdade, o PT não chegou ao poder em uma eleição, nem via revolução armada.
O PT construiu o seu caminho ao longo de 40 anos. Criou os chamados “movimentos sociais” – ativismos variados, como o ativismo ambiental, ativismo LGBT, ativismo pela reforma agrária (leia-se: MST), o feminismo, enfim, criou os movimentos que formam a base do que hoje chamam de “politicamente correto”.
Eles (os petistas) foram extremamente eficientes em sua concepção de chegada ao poder. Hoje somos obrigados a achar bonito o casamento de homem com homem. Se achar feio, somos logo rotulados de homofóbicos. Temos que achar correto a ação de mulheres peludas manifestando-se cagando no meio da rua e em frente às câmeras de TV. Se acharmos incorreto, seremos rotulados de machistas. Os Direitos humanos consideram um absurdo a polícia matar bandidos mas não está nem aí se os bandidos matarem 500, até 1.000 policiais por ano, como aconteceu no RJ ano passado. Para os Direitos Humanos, a polícia parece não ser constituída por seres humanos. Até a família de tradição judaico-cristã, modelo adotado em todo o mundo ocidental, é alvo de demonização da esquerda. A esquerda, definitivamente, está adoecida.
Movimentos sociais + política de cotas + bolsa-de-compra de votos reúnem as chamadas “minorias”, transformando-as, conjuntamente, numa maioria.
Isso explica porque o PT, absurdamente, obteve 32% dos votos neste primeiro turno das eleições, em que pese toda a sua cúpula estar presa por corrupção.
Concluindo, depois da chegada do PT ao poder, valores basilares da sociedade brasileira foram demonizados e substituídos por valores impostos por esse tal conceito de “Politicamente correto”. O desafio do povo brasileiro agora é desPeTizar o país. Do contrário, quem salvará o Brasil?
Texto: Marcus Fernando Fiori (Professor – Departamento de Jornalismo – Unir/Vilhena)
Foto: Arquivo pessoal