Foto: Ilustrativa

Vanderley Porfírio-da-Silva, pesquisador da Embrapa Florestas em sistemas agrossilvipastoris, apresentou durante o 6º Workshop Embrapa Florestas/Apre, as oportunidades para a pecuária brasileira com o uso da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

O pesquisador lembrou que o assunto tem evoluído desde os primeiros estudos realizados entre os anos de 1970 e 1980, quando o enfoque estava no produto florestal com o gado usado em plantações florestais convencionais.

O objetivo na época era obter benefícios do controle do desenvolvimento das plantas não desejadas no sub-bosque e melhorar o fluxo de caixa nos primeiros anos de crescimento florestal.

Já na década de 1990, havia o enfoque florestal, no qual eram consorciados a agricultura e o pastoreio visando à obtenção dos benefícios do cultivo agrícola no crescimento das árvores e a melhoria do fluxo de caixa nos primeiros anos de crescimento florestal.

No caso das propriedades pecuárias, estas usavam as árvores nas pastagens convencionais como forma de proteger o gado, controlar a erosão do solo e gerar uma renda extra dos produtos das árvores.

Mais recentemente, nos anos 2000, segundo o pesquisador, passou-se a considerar o olhar sobre produtos pecuários integrados aos agrícolas. As árvores entraram em pastagens formadas.

Por fim, na metade dos anos 2000, a madeira começou a ser considerada como um elemento importante nessa equação, inclusive com algumas propriedades investindo em serrarias para agregar valor à matéria-prima.

“A integração lavoura-pecuária-floresta ganhou ainda mais espaço, mostrando uma evolução importante”, afirmou. Na definição apresentada por Porfírio-da-Silva, a ILPF é uma estratégia de produção agropecuária que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais, dentro da mesma área. Pode ocorrer em cultivo consorciado, em rotação ou sucessão, de forma que haja interação entre os componentes, gerando benefícios mútuos.

Ainda de acordo com a explicação do pesquisador, “a ILPF pode ser adotada de diferentes formas, com inúmeras culturas e diversas espécies animais, adequando-se às características regionais, às condições climáticas, ao mercado local e ao perfil do produtor, pequenos, médios e grandes”.

Benefícios
Entre os benefícios apontados com a implantação da estratégia estão otimização e intensificação da ciclagem de nutrientes no solo, manutenção da biodiversidade e sustentabilidade da agropecuária, aumento da renda líquida permitindo maior capitalização do produtor, redução da pressão pela abertura de novas áreas com vegetação nativa, mitigação das emissões de gases causadores do efeito estufa, maior otimização dos processos e fatores de produção.

Pesquisa
Para estimular o uso do modelo, foi criada a Rede Fomento ILPF, uma parceria público-privada formada pelas empresas Cocamar, Dow AgroScience, John Deere, Parker, Syngenta e a Embrapa.

O objetivo é o de acelerar uma ampla adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta por produtores rurais como parte de um esforço visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira.

Iniciada em 2012, a Rede, que é co-financiada pelas empresas privadas e pela Embrapa, apoia uma rede com 97 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) distribuídas em todos os biomas brasileiros e que envolve a participação de 19 Centros de Pesquisa da Embrapa.

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