Em algumas regiões do país o período seco já começou. Nesta época do ano, de pouca chuva e temperaturas mais baixas, a preocupação do pecuarista é a alimentação para o gado, já que o crescimento da pastagem é mais lento e a qualidade do pasto é menor.
Há várias opções para manter o desempenho animal e evitar prejuízos na fazenda. Mas é preciso planejamento e bom senso para reduzir os riscos de uma escolha equivocada.
Uma das possibilidades para ganhos mais elevados, de acordo com o pesquisador Sérgio Raposo de Medeiros, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), é o semiconfinamento ou confinamento.
Nesses sistemas, a dieta é um dos itens mais relevantes, já que representa, tirando o gasto com a compra dos animais, entre 60% e 80% dos custos de produção. Dessa forma, para o produtor não ter surpresas desagradáveis e obter bons resultados, a dieta utilizada deve ser bem formulada e sua eficiência avaliada.
Segundo o pesquisador, quando há mais opções de ingredientes, aumentam-se as chances de atender as exigências nutricionais dos bovinos e obter respostas positivas no ganho de peso.
É importante ter na lista da formulação, além de volumosos, concentrados energéticos (milho, sorgo, casca de soja, etc.), fontes de proteína (farelos de soja ou de algodão, levedura, ureia, etc.) e minerais. Também é possível utilizar subprodutos e resíduos, dependendo da disponibilidade comercial, da qualidade nutricional, da proximidade e da oferta desses produtos na região.
A quantidade de cada ingrediente deve ser observada para atender o valor nutritivo e a dieta economicamente viável. O preço dos ingredientes faz toda diferença. “Para que o resultado seja, de fato, uma dieta de custo mínimo por quilo, tão importante quanto ter dados nutricionais corretos, é atribuir ao ingrediente o valor mais exato”, destaca Medeiros.
Ainda, em relação à fórmula fornecida ao gado durante o período de confinamento, a exigência nutricional deve ser baseada no desempenho que se deseja obter. Para o pesquisador, no momento em que o produto planeja o confinamento, é importante fazer simulações para ajudá-lo a tomar a melhor decisão.
“Para muitas perguntas como, por exemplo, ‘Compensa usar o aditivo X ou Y?’, ‘E se eu tirar esse ingrediente que está entrando em poucos gramas por dia, não seria vantagem operacional?’, nada melhor do que simular de um jeito e de outro e avaliar o impacto nos resultados”, explica.
Sérgio Medeiros ressalta que copiar a dieta do vizinho, como se fosse uma “receita de bolo”, não é recomendado. A dieta deve ser formulada de acordo com as condições específicas de cada confinamento, aproveitando as vantagens competitivas, como a disponibilidade de resíduos, e incorporando especificidades que venham ao encontro das necessidades operacionais.
“Remunerar o bom prestador de serviço técnico fica barato frente aos benefícios”, afirma Raposo. Ele defende, ainda, que a contratação deveria ser para uma assistência mais abrangente, com indicação de como proceder a mistura, como fazer a adaptação dos animais, o dia-a-dia da alimentação e ajudar na decisão de abate.