O tratamento de sementes é uma prática importante e que vem sendo utilizado por um número crescente de produtores. Essa tecnologia possui excelente relação custo x benefício, gerando benefícios tanto para o produtor quanto para a economia nacional.
“Pode ser considerada um ‘seguro barato’ que o agricultor faz no início de implantação de sua lavoura”, informa o pesquisador da pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Augusto César Pereira Goulart.
Pesquisa realizada pelo analista Alceu Richetti Goulart, em parceria com Goulart, demonstra que na safra 2018/2019, o tratamento de sementes com fungicida e inseticida representou apenas 1,48% do gasto, em relação ao custo total de produção de um hectare de lavoura de soja, que foi de cerca R$ 3 mil, ou seja, um desembolso de cerca de R$ 46,53 por hectare de lavoura de soja.
Os dados revelam ainda que a média de gastos com o tratamento de sementes de soja, ao longo dos dez anos analisados, representou apenas 2,2% do custo total investido na produção de lavoura de soja.
“O custo médio de produção ao longo desses dez anos foi de aproximadamente R$ 2 mil por hectare, assim, o valor médio investido com tratamento de sementes foi de apenas R$ 44,00 por hectare de lavoura de soja”, explica Richetti.
Essa pesquisa deu origem ao Comunicado Técnico nº 247, intitulado “Adoção e custo do tratamento de sementes na cultura da soja” e está disponível para consultas por meio de download gratuito no Portal da Embrapa.
Nesse documento, os interessados encontram informações sobre o tratamento de sementes e o custo de produção da soja relativas ao período que compreende as safras de 2008/2009 até a safra 2018/2019, em Mato Grosso do Sul. A pesquisa considerou como tratamento de sementes o uso de fungicida e inseticida em suas dosagens recomendadas.
BENEFÍCIOS
Goulart destaca ainda que a maioria das doenças de importância econômica que ocorrem na cultura da soja é causada por patógenos que são transmitidos pelas sementes de soja, desta forma “a semente tem um importante papel no estabelecimento da lavoura, evitando que microorganismos prejudiciais sejam introduzidas em novas áreas e se disseminem pela população de plantas, como focos primários de doenças”, explica.
Segundo ele, antracnose (Colletotrichum truncatum), cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f. sp. meridionalis) e podridão branca da haste e da vagem (Sclerotinia sclerotiorum) são doenças que foram disseminadas em função da ausência e/ou inadequação de tratamento de sementes e acrescenta “o uso de sementes livres de contaminações ou dentro de padrões de tolerância estabelecidos para a cultura pode impedir ou retardar a disseminação desses patógenos”.
O pesquisador salienta ainda que o tratamento de sementes com fungicidas gera ainda outros benefícios, tais como: proteção às sementes e plântulas contra fungos de solo, evitar o desenvolvimento de epidemias no campo, uniformidade na germinação e emergência, redução dos riscos na fase de implantação das lavouras, maior desenvolvimento radicular e estabelecimento inicial da lavoura com uma população ideal de plantas.