Prestes a se aposentar compulsoriamente em 2021 – quando completará 75 anos de idade -, o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, espera que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, não ocupe sua vaga na corte suprema.
Em entrevista para a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, desta sexta-feira 19, Mello criticou Moro por diálogos vazados, obtidos pelo site The Intercept, que sugerem parcialidade em suas decisões quando juiz da Lava Jato.
Marco Aurélio Mello diz que continua a “indagar o que nós estaríamos a dizer se [Moro] tivesse mantido essa espécie de diálogo com a outra parte [a defesa dos réus]”.
“Ministério Público no processo é parte e tem que ser tratado como tal”, declarou o ministro, que completou: “Eu espero que ele não ocupe a cadeira que deixarei em 2021.”
Recentemente, Mello já declarou que Moro “não é vocacionado” à magistratura. Segundo ele, com a divulgação dos diálogos entre o ex-juiz e procuradores, “a máscara caiu”.
O presidente Jair Bolsonaro, no início de seu mandato, afirmou publicamente que pretende oferecer uma das próximas vagas abertas no Supremo a Moro. Antes da aposentadoria de Marco Aurélio Mello, um posto será aberto com a saída de Celso de Mello.
Sergio Moro não reconhece a autenticidade do material obtido pelo Intercept. Em parceria com o site, VEJA é um dos veículos que examinam mensagens da força-tarefa da Lava Jato. Em reportagem são divulgados diálogos que mostram a colaboração entre o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e Moro. Na prática, o hoje ministro atuava como o chefe da força-tarefa, desequilibrando a balança da Justiça em favor da acusação.