Atualmente, a semente é um dos principais componentes do custo de produção de milho. Os gastos com esse insumo podem chegar a cerca de 20% do valor das despesas de custeio da lavoura. Mas também é possível obter resultados satisfatórios com investimentos menores em sementes.
Para plantio no fim da janela da segunda safra, produtores têm buscado materiais de custo mais baixo. O risco de perder investimentos faz crescer a procura por sementes mais baratas. Assim, aumenta o interesse por materiais convencionais (não transgênicos) e mesmo por variedades ao invés de híbridos.
Nesse cenário, o milho BRS 4103, desenvolvido pela Embrapa, tem sido a boa opção de alguns produtores. “A variedade é especialmente indicada para agricultura de baixo investimento. Apresenta excelente uniformidade, com um bom potencial de produção, ciclo precoce, baixa estatura de planta e espiga, baixo índice de plantas acamadas e quebradas, com espigas bem empalhadas e sadias”, explica o pesquisador Paulo Evaristo, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG).
Em razão da sua ampla adaptação, a variedade foi registrada no Ministério da Agricultura para todas as regiões do País. No Mato Grosso, o produtor Marcos Aurélio Ioris Júnior ficou satisfeito com o material. Ele plantou o milho BRS 4103 no fechamento da safrinha em uma área de 50 hectares. “Não foi em nossa melhor área e foi no final da janela de plantio. Considero o material interessante, porque o custo é baixo e pendoa rápido”, conta o agricultor de Nova Mutum-MT, que colheu 94 sacas por hectare. “O custo-benefício é bom”, avalia.
Em Primavera do Leste-MT, o agricultor Moacir Mattana plantou o BRS 4103 pelo segundo ano consecutivo. No plantio escalonado, a variedade entra por último, no fechamento da safrinha. Este ano, foi plantada numa área de 30 hectares, no começo do mês de março. “Por causa do risco, eu coloco no final do plantio, por ter custo mais barato. E, como é um material precoce, pendoa mais cedo, tem como plantar depois”, explica o produtor. Ele obteve uma média de 100 sacas de milho por hectare.
“Compensa pelo custo”, avalia Moacir. “Se a chuva atrasa a época do plantio, para correr menos risco, você usa mais dele. É um milho sadio, com grão bem formado. Ano que vem, pretendo dobrar a área, fazer 60 hectares. A precocidade e o custo são as principais vantagens. Para produtor pequeno, é uma mão na roda esse milho. Fora a palhada que forma. Sobra muita palhada para plantar em cima”, explica o agricultor, que cultiva soja em sistema de plantio direto na safra de verão.
Outra vantagem percebida por Moacir é a facilidade de controle de plantas do BRS 4103 com herbicida para o manejo da cultura seguinte. “Como a variedade não é resistente, o glifosato controla”.
Dez empresas nacionais, localizadas em cinco estados (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo), estão produzindo e comercializando sementes dessa variedade. “Essa cultivar está beneficiando empresas de sementes familiares e, principalmente, agricultores com poucos recursos para aquisição de sementes e outros insumos, em lavouras conduzidas em épocas e ambientes historicamente desfavoráveis e de alto risco para expressão de alta produtividade e rentabilidade”, avalia o pesquisador Paulo Evaristo.
No último ano, a área licenciada para produção de sementes do BRS 4103 foi de 608 hectares. Dessa forma, estima-se que as dez empresas produziram sementes suficientes para atender o plantio de cerca de 120 mil hectares na safra 2018/2019 e safrinha 2019.
Em Minas, o empresário José Sergio Evangelista, da empresa Jóia Sementes, conta que os agricultores têm gostado muito do BRS 4103. “É um material de coloração boa, com resistência a acamamento e boa produtividade”. A empresa atende as regiões Norte e Noroeste do estado com vendas dessa variedade a pequenos produtores para plantio na safra de verão.