O setor de florestas plantadas no Brasil gerou o estoque de 4,2 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente, em 2018. O sequestro de carbono ocorreu na área conservada pelo segmento, em uma extensão aproximada de 5,6 milhões de hectares. Outros 22,4 mil hectares de áreas degradadas foram recuperados por programas ambientais do setor.
A estimativa é da Indústria Brasileira de Árvores (IBá), que divulgou o novo balanço do setor. O desempenho aponta que as florestas plantadas têm potencial para contribuir para o alcance das metas firmadas pelo Brasil no âmbito do Acordo de Paris para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Entre as metas assumidas pelo país estão a redução das emissões dos gases do efeito estufa em 43% em relação a 2005, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares, incentivar a integração da lavoura, pecuária e florestas (ILPF) em 5 milhões de hectares; zerar desmatamento ilegal; expandir o uso de energias renováveis e o consumo de biocombustíveis.
O balanço mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também revela que, desde 2000, o valor da produção da silvicultura supera o do extrativismo vegetal. Especialistas do Ministério da Agricultura comentam que estes dados demonstram que as florestas plantadas diminuem a demanda sobre as florestas nativas.
“O setor é a favor do meio ambiente. Hoje, a demanda industrial de madeira é suprida em 90% pelas florestas plantadas. Ou seja, estimular as florestas plantadas ameniza a pressão sobre as florestas nativas”, disse João Fagundes Salomão, coordenador-geral de Apoio à Comercialização da Agricultura Familiar, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
DESENVOLVIMENTO HUMANO
Além do impacto positivo na questão ambiental, o setor de florestas plantadas impulsionou o desenvolvimento socioeconômico dos municípios e estados produtores de insumos florestais. Levantamento da Secretaria de Política Agrícola do Mapa mostra variação positiva média de 75% no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos dez municípios que lideram o ranking de cultivo de florestas plantadas do país entre 1991 e 2010.
O IDH é uma medida que varia em uma escala de 0 a 1 para avaliar o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida de uma região. O indicador foi desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e abrange três dimensões: renda, educação e saúde.
Em Três Lagoas (MS), município que tem a maior extensão de florestas plantadas do país (263 mil hectares), o IDH passou de 0,505, em 1991, para 0,744, em 2010, aumento de 47%. Outros quatro municípios de Mato Grosso do Sul, estado identificado pelo IBGE como o maior produtor nacional de madeira para papel e celulose, registraram crescimento superiores a 70% no IDH nas últimas décadas.
A maior variação foi identificada no Paraná, com o município de Ortigueira, que tem uma área plantada de 94 mil hectares e melhorou em 111% o IDH entre 1991 e 2010. Entre os estados, Minas Gerais foi o que alcançou a maior área plantada de florestas cultivadas para fins comerciais e o maior percentual de crescimento do IDH (+53%).
PLANO PLANTAR FLORESTAS
Destacar o potencial socioambiental do cultivo de florestas plantadas é um dos objetivos do Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas desenvolvido pelo Ministério da Agricultura. O programa brasileiro foi aprovado este ano e atende aos objetivos do Plano Estratégico da Organização das Nações Unidas para as Florestas 2017-2030.
Por meio de uma rede de parcerias interinstitucionais, o plano pretende incentivar o setor e expandir a área de cultivo florestal no país. O plano surgiu no contexto de mudança de governança das políticas públicas relacionadas às florestas plantadas, que desde 2014 foram assumidas pelo Ministério da Agricultura.
“Estamos trazendo toda a área produtiva de florestas para um lugar só, é uma definição lógica. Essa governança melhorou e agora temos um plano que vai ajudar a impulsionar o setor. Nosso plano está alinhado com o plano da ONU que pede para plantar mais florestas no mundo. Nós fizemos um nacional e se os estados quiserem podem fazer planos estaduais”, explicou Salomão.