Fechando a série de entrevistas com pioneiros que participaram da formação de Vilhena, o contabilista, empresário e produtor rural Darci Cerutti esteve no Extra de Rondônia para relembrar momentos históricos da nossa cidade.
Participante ativo de vários acontecimentos importantes, ele chegou aqui no dia 11 de março de 1.983, aos 23 anos de idade, disposto a se fazer na vida, tarefa na qual foi muito bem sucedido. “Olhando para traz eu tenho a sensação do dever cumprido, mas ainda pretendo continuar como participante ativo do desenvolvimento desta cidade que amei desde o momento em que conheci”, disse o pioneiro logo no início da conversa.
Natural de Ampere, no Estado do Paraná, Darci tinha conterrâneos que vieram para Rondônia a fim de aproveitar as oportunidades que a região oferecia. Ouviu falar tanto da região que resolveu tentar a sorte por aqui, estimulado pelos amigos. Quando veio, a intenção era ir para Colorado do Oeste, mas encantou-se com Vilhena e percebeu que a cidade tinha vocação para ser um importante polo regional e uma referência importante para Rondônia. “Desde o início eu sempre tive certeza que Vilhena seria um sucesso”, declarou.
Mas o início não foi fácil. Contabilista formado, ele foi trabalhar no Escritório Vênus, que já existia há 9 anos, cujo dono era o também pioneiro Albino Wobeto, o qual foi prefeito interino da cidade antes da primeira eleição. “O trabalho era árduo, não dispúnhamos de toda essa tecnologia atual, e Vilhena tinha problemas sérios de infraestrutura básica, como a precariedade da rede de energia.
Muitas vezes precisei trabalhar à luz de velas para conseguir dar conta de prazos para entrega de documentos de clientes”, relembra. Mesmo assim, persistiu, e já de início começou a participar da vida comunitária local. O escritório passou ao seu comando pouco tempo depois, e atravessou todas as fases do setor, desde as máquinas de contas e escrever mecânicas até os modernos computadores e a internet, e continua a ser um dos mais procurados da cidade.
Darci Cerutti foi um articulador de ações importantes para Vilhena, conseguindo grandes conquistas para a cidade. Ele prefere não dar dimensão adequada às suas ações, mas o reconhecimento público que recebeu é capaz de mostrar sua importância para o progresso local.
Entre outras honrarias ele recebeu duas moções de aplauso da Câmara de Vereadores, título de cidadão honorário do Município, título de cidadão honorífico do Estado de Rondônia e homenagem das entidades que integram o chamada “Sistema S”, que agrega o Sesc, Senac, Sebrae e CDL. “Fiz o que achei que devia fazer para contribuir com o desenvolvimento da nossa cidade, com tantos outros pioneiros também fizeram”, comenta com modéstia. Ao longo de sua vida também dirigiu várias entidades setoriais por aqui.
O contabilista também sempre foi um entusiasta do progresso local, agindo de forma a atrair empresas e empresários do Brasil afora para investir aqui. Em função de sua própria atividade profissional, acompanhou a par e passo o avanço do setor empresarial, que considera sólido e competitivo.
“Vilhena sempre teve empresas fortes, dirigidas por pessoas de visão e muito empenhadas, por isso é um polo de comércio regional de peso. E mesmo neste mundo moderno, com avanços tecnológicos que impõem o desafio de sobreviver numa economia global, o empresariado local está se esforçando ao máximo para acompanhar os novos tempos”, discorre Cerutti.
Outro setor que ele apostou com sucesso foi investir no agronegócio quando o setor ainda era considerado de alto risco. “Os primeiros que se aventuraram neste ramo acabar quebrando, mas a experiência deles foi um aprendizado para nós, e graças a isso o mito de que Vilhena não tinha vocação para o agronegócio acabou sendo atropelado pelas conquistas que alcançamos. Hoje Vilhena é também um importante centro produtivo do agronegócio da Região Norte, e ainda vai avançar muito nesta área”, prevê Darci.
O pioneiro também teve participação intensa na vida política vilhenense, apesar de ter sido candidato apenas uma vez, sendo eleito vice-prefeito. “Eu sempre entendi que todo o cidadão de bem e interessado no bem estar coletivo tem que participar da política, senão não tem direito de reclamar depois. É uma questão de cidadania”, argumenta. Por isso, procurou estar ativo no meio, atuando nos bastidores sendo uma referência de destaque.
Ele prefere não avaliar a participação individual de nenhum dos que ocuparam funções eletivas na cidade, “até mesmo por ter ocupado função no Executivo”, mas em seu ponto de vista todos eles merecem em primeiro lugar o agradecimento dos vilhenenses por terem aceitado enfrentar os desafios da vida pública, assim como pelo fato de que, ao seu modo, cada um deles contribuiu da melhor forma que pôde para melhorar Vilhena. “Nossa cidade chegou aonde está também em virtude da participação destes homens e mulheres.
Finalizando, o pioneiro destaca que foi em Vilhena que ele formou sua própria família, além de ter trazido irmãos e irmãs para cá, sendo que todos eles se tornaram membros produtivos da nossa comunidade. “Tenho muito orgulho de toda a minha família, e sou feliz em saber que tivemos conseguimos dar a nossa contribuição para o progresso da cidade”. E, falando do que sente falta da Vilhena antiga, ele diz que a união e o respeito mútuo daqueles tempos não existe mais.
“Os pioneiros vieram para cá a fim de melhorar suas próprias vidas, mas também tinham o intuito de colaborar uns com os outros pelo desenvolvimento local, entendendo que isso traria benefícios para todos. Hoje as pessoas são muito individualistas, mas o mundo também mudou”, arrematou Darci.