Foto: Ilustrativa

Apesar das fortes perdas provocadas pela estiagem no Rio Grande do Sul, o Brasil deve colher 120,6 milhões de toneladas de soja na safra 2019/2020 e se consolidar como o maior produtor mundial da oleaginosa, superando os Estados Unidos.

Os números são da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e fazem parte do boletim Estimativas de Safra, divulgado pela entidade nesta terça-feira 17.

Mato Grosso segue líder da produção do grão, com 34,013 milhões de toneladas, seguido por Paraná (20,508 mi/tons), Rio Grande do Sul (12,769 mi/tons), Goiás (12,500 mi/tons) e Mato Grosso do Sul (10,573 mi/tons). A área plantada no país atingirá 36,9 milhões de hectares.

Na avaliação do presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, a safra 2019/2020 pode ser considerada boa na maior parte das regiões produtoras.

“A região centro-oeste, que representa mais de 50% da produção brasileira e onde o plantio foi um pouco mais tardio por causa das chuvas, praticamente não apresenta problemas de produtividade. As lavouras no Matopiba, nos estados do Norte e no restante do Brasil estão indo bem. Apesar das dificuldades pontuais, seremos o maior produtor de soja do planeta”, avalia.

O quadro geral é diferente do que ocorre em regiões do Rio Grande do Sul, onde há perdas de cerca de quase 50%. Bartolomeu Braz diz que a entidade está atenta às necessidades dos produtores gaúchos e buscará apoio do governo federal para equalizar situações de endividamento dos produtores.

“Muitos produtores não têm um seguro agrícola adequado e vão atravessar uma situação difícil. Estamos trabalhando em conjunto com outras entidades para que os ministérios da Economia e da Agricultura viabilizem uma solução para o endividamento desses produtores. Há a possibilidade de uma resolução do Banco Central e até linhas de crédito específicas”, comenta.

Os números da entidade diferem dos dados apresentados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Departamento Norte Americano de Agricultura (USDA), que em seus levantamentos apresentados em março apontaram colheitas de 124 milhões de toneladas e 126 milhões de toneladas, respectivamente.

“Nosso levantamento tem por base dados coletados nos 16 estados produtores, o que nos permitiu vermos o que está acontecendo com a produção. Conseguimos identificar perdas em decorrência da seca que aumentaram muito nas últimas semanas e que outros órgãos não apontaram em seus levantamentos. A Aprosoja Brasil tem feito isso com responsabilidade mostrando ao Brasil e aos mercados que as nossas projeções são feitas por técnicos e produtores”, reitera Bartolomeu.

EXPORTAÇÕES EM ALTA

A safra 2019/2020 apresenta uma retomada no crescimento das exportações brasileiras em relação à safra anterior. A partir de informações da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio (Secex) e do Ministério da Agricultura (Mapa), a Aprosoja Brasil projeta que as vendas externas devem passar de 74,6 mi/tons para 77 mi/tons.

Já as vendas de farelo de soja passarão de 16,6 mi/tons para 16,9 mi/tons, enquanto que as de óleo terão recuo de 1,03 mi/tons para 900 mil toneladas. No total, o faturamento do país com produtos de soja comercializados para o exterior deve passar de US$ 32,6 bi para 33,3 bi.

Conforme dados fornecidos pelo USDA e pela Secex, o Brasil tem 50% das exportações mundiais de soja, 25% de participação no comércio internacional de farelo e 17% das vendas de milho para o exterior. Cerca 40% do total exportado pelo agronegócio vem do complexo soja.

Em seu boletim, a Aprosoja Brasil usou dados do Ministério da Agricultura e da Embrapa para projetar o desempenho do setor entre as safras 2018/2019 (já encerrada) e 2028/2029. A produção deve crescer 32,9%, as exportações crescerão 41,8% e o consumo deve crescer 22,6% nos próximos dez anos.

Segundo dados do USDA, os Estados Unidos também devem elevar as vendas externas de soja de 47,6 mi/tons para 49,7 mi/tons, resultado esse que ainda dependerá da primeira fase do acordo comercial com a China, e que pode se intensificar no segundo semestre com a entrada da soja norte-americana no mercado. Já a Argentina, cujo governo aumentou a taxação sobre exportações (retenciones) reduziu seus negócios do grão de 9,1 mi/tons para 8,2 mi/tons.

sicoob

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