O dia mundial de conscientização do Autismo está próximo. Caminhadas e atividades programadas para o 2 de abril, em todo Brasil, inclusive em Vilhena, foram adiadas devido a pandemia do Coronavírus.
Em meio a tudo isso, o Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos EUA, divulgou os novos números oficiais de prevalência do Autismo: um a cada 54 crianças está dentro do espectro.
Os dados alarmantes assustam como a Covid-19, pois a maioria das crianças não têm acesso ao diagnóstico precoce, assim como a maioria da população não tem acesso ao kit para testar o corona.
As crianças não têm acesso ao tratamento adequado que lhes garantiria uma boa evolução, o que podemos comparar ao que ocorre na Itália em relação ao respirador mecânico para a população idosa. Só que ao invés de escolherem os idosos que irão morrer, no caso do autismo escolhem as crianças que não irão se desenvolver.
Quando não há investimento no tratamento adequado (validado pela ciência) e na inclusão (de verdade), essas crianças estão lançadas a própria sorte, como os idosos que não têm direito ao respirador mecânico (embora a legislação garanta a elas).
Dificilmente essas crianças terão êxito sozinhas, podem até desenvolver um pouco dependendo do nível de espectro, e do empenho dos que estão ao seu redor, mas nada comparado a evolução que teria diante a um tratamento qualificado e a uma educação inclusiva de fato, onde a escola estivesse devidamente equipada e preparada para receber essa criança. Ah, mas não dá para comparar porque o corona mata!
A falta de um tratamento especializado condena o autista a uma vida de limitações e dependência de outros. A falta de tratamento especializado condena o autista e sua família à exclusão. Muitos não aprendem a cuidar de sua higiene pessoal. Muitos não são alfabetizados. Isso porque é necessário um saber especializado para ensinar o autista.
A falta de atenção das autoridades públicas e setores privados, a falta de investimentos no Transtorno do Espectro Autista (Tea) mata sim… Mata por dentro. Mata o desenvolvimento. Mata a pessoa que poderia ter sido, mata o futuro, mata sonhos!
O autismo não é algo ruim, o autismo é apenas um jeito diferente de ser e viver. O diferente assusta no início, depois se torna comum. A incidência aumenta a cada ano. Em todas as escolas têm alunos dentro do espectro, alguém próximo a você tem um filho dentro do espectro. No mercado, na praça… Pessoas dentro do espectro estão por toda parte, embora continuem invisíveis para o poder público e parte da sociedade.
A realidade de milhares de famílias é essa: a espera de um respirador mecânico para que seus filhos possam viver. A diferença é que a comunidade autista pede, implora, luta pelos respiradores há décadas…
Não precisa acontecer dentro de sua casa para você se importar! O que queremos é Respeito para todo o espectro. Respeito às várias formas de aprender e desenvolver. Respeito a vida de nossos filhos!
Por: Karina Andrade