Com dificuldades de comercialização no mercado interno por conta da pandemia do coronavírus, a cadeia produtiva de hortaliças tem buscado a exportação como alternativa de renda. O embarque de produtos como cenoura, tomate, cebola e batata cresceu mais de 300% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019.
É o que mostra o boletim semanal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que relata os principais eventos e o comportamento das principais culturas agropecuárias no período de 13 a 17 de julho.
A publicação também aponta aumentos das exportações de frutas cítricas, como tangerina, laranja e limão, de 158%, 132% e 12%, respectivamente, em razão da maior procura por alimentos ricos em vitamina C em tempos de pandemia.
Também nesta semana, a CNA se reuniu com o novo secretário de Política Agrícola do Mapa, César Halum, para discutir medidas para modernizar a política agrícola brasileira.
No cenário internacional, destaque para os fatos ocorridos na União Europeia e China e um relatório da FAO sobre a fome no mundo.
POLITICA AGRÍCOLA
A Comissão Nacional de Política Agrícola da CNA se reuniu essa semana para discutir o andamento do plano agrícola os detalhes das Resoluções 71 a 74, do Comitê Gestor do Seguro Rural, que alteram obrigações das seguradoras e dos produtores que acessam a subvenção ao prêmio do seguro rural (PSR), atendendo a uma demanda apresentada pela Confederação.
A Resolução 73/2020-CGSR altera alguns critérios e procedimentos para o fornecimento de informações de sinistros em operações de seguro rural beneficiadas pelo PSR. Os produtores devem ficar atentos aos prazos estabelecidos pela resolução para comunicação do sinistro às seguradoras. A resolução também estabelece prazos máximos para que a seguradora envie o perito à propriedade.
Na oportunidade, tratou-se também do panorama das contratações de crédito e seguro nos estados e do Projeto-piloto de subvenção ao prêmio do seguro rural para operações enquadradas no Pronaf (Resolução 75 do Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural), do Projeto Monitor de Seguros Rurais e do Projeto de Capacitação de Corretores e Peritos. Essas iniciativas têm sido desenvolvidas pelo MAPA, com apoio e parceria da CNA.
Ainda nesta semana, a CNA apresentou ao novo secretário de Política Agrícola do Mapa, César Halum, as prioridades do setor na área de política agrícola. Foram expostos os problemas relacionados à venda casada nas contratações de crédito rural, os altos custos cartorários para registro de cédulas e garantias, a necessidade de ajustes na regulamentação prudencial sobre a carteira de crédito rural nas instituições financeiras, a parceria do Sistema CNA com parlamentares e governo para o fortalecimento do seguro rural, melhoria do arcabouço legal visando modernizar a política agrícola brasileira, e o projeto de diretrizes de médio e longo prazo para a agropecuária brasileira.
FRUTAS E HORTALIÇAS
Produtores de flores de corte cogitam plantar hortaliças como alternativa de gerar renda enquanto as medidas restritivas por conta da Covid-19 continuarem.
Existe uma grande divergência entre as medidas de prevenção e controle do coronavírus nos municípios das cinco regiões brasileiras. Em muitos o comércio está voltando à normalidade e em outros está sendo novamente fechado. Diante da incerteza do consumo, produtores de hortaliças estão produzindo 25% abaixo da capacidade normal do período.
Devido à demanda ainda abaixo do normal e com dificuldade de comercialização no mercado interno, algumas cadeias produtivas buscaram alternativa na exportação. O volume exportado de hortaliças como cenoura, tomate, cebola e batata cresceram mais de 300% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019.
Já entre as frutas cítricas, como tangerina, limão e laranja, devido à maior procura do consumidor por alimentos ricos em vitamina C, houve crescimento do volume exportado de 158%, 132% e 12% respectivamente. E a exportação de banana foi 17% superior no mesmo período.
Os produtores rurais têm tomado medidas para impedir que novos casos de infectados por Covid-19 que chegam ao interior atinjam trabalhadores que atuam nas lavouras e packing houses.
COMMODITIES
Em relação à comercialização do café, consultorias indicam avanços. Mais de 40% da safra 2020/21 já foi vendida e quase 20% da safra 2021/2022 foi comercializada. A desvalorização do Real frente ao dólar e os preços, relativamente remunerativos, têm sido apontados como a causa da ampliação dos negócios.
Em Minas Gerais, há relatos de ampliação do investimento em derriçadoras portáteis manuais como forma de contornar a redução de mão-de-obra para a colheita manual de café.
Em favor do setor sucroenergético, o Ministério de Minas e Energia enviou para aprovação da Receita Federal uma minuta de Medida Provisória que prevê tributação progressiva na comercialização dos créditos de descarbonização (CBios) do programa RenovaBio. Essa tributação visa estimular a comercialização dos CBios, uma demanda do setor desde que o artigo 60 da Medida Provisória nº 897/2019 (MP do Agro) foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro.