O lance protagonizado por Igor Vinicius aos 25 minutos do segundo tempo foi o resumo do São Paulo no empate por 2 a 2 com o River Plate, na última quinta-feira, no Morumbi: um time sem confiança e longe de apresentar um espírito aguerrido de Libertadores.
O lateral-direito fez bela jogada, tabelou com Pablo e ficou cara a cara com o goleiro Armani. O torcedor mais otimista já se levantava da cadeira para comemorar o segundo gol, mas aí Igor Vinicius fez o mais difícil e tocou para o lado. A zaga do River simplesmente afastou.
A falta de confiança poderia ter sido amenizada no último lance do jogo, mas só piorou a situação. Aos 49 minutos, o São Paulo teve a chance de jogar a bola para dentro da área e contar com o bate e rebate para garantir a vitória.
Reinaldo, porém, preferiu dar um passe, para receber de volta e cruzar. A linha defensiva inteira do River saiu e nenhum são-paulino alcançou a cobrança ruim do lateral-esquerdo.
Esses foram apenas dois momentos entre os vários em que a equipe comandada por Fernando Diniz demonstrou total falta de conexão com a importância e o momento da partida.
Em outros tempos, do São Paulo que tinha na Libertadores a competição mais adorada e de maior identificação, a bola desperdiçada por Igor Vinicius teria sido chutada com raiva. Se o goleiro defendesse, pelo menos teria tentado.
No lance de Reinaldo, os zagueiros que haviam subido para tentar o cabeceio com certeza dariam uma bronca no companheiro.
Mas esse São Paulo está longe de ter esse espírito. Pelo menos é o que vem demonstrando desde que o futebol retornou no Brasil devido à pandemia do novo coronavírus.
O time de Diniz vive uma busca incessante para acabar com as oscilações dentro das partidas. Também vive a linha tênue entre encontrar as vitórias apresentando um futebol que se assemelha às ideias do treinador.
No entanto, está deixando de lado o que muitas vezes se pede em uma Libertadores: tratar as jogadas como “o último prato de comida”, como gostam de falar os boleiros.
Na beira do campo, os gritos e xingamentos de Fernando Diniz não têm contagiado os jogadores. Pelo contrário. Muitas vezes, a falta de paciência do treinador parece tirar a confiança dos atletas. O medo de errar tem tirado a vontade de vencer.