O Brasil já negociou um total de 225 mil toneladas de arroz dos Estados Unidos, Índia e Guiana, que deverão entrar no país na segunda quinzena de outubro e em novembro. O governo federal tomou a decisão de zerar a Tarifa Externa Comum (TEC) sobre a importação de arroz de fora do Mercosul, como medida para conter a alta nos preços do produto no mercado interno.
A medida foi aprovada no início de setembro, quando o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou a alíquota do imposto de importação para o arroz em casca e beneficiado até 31 de dezembro deste ano, por proposta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A redução temporária está restrita à cota de 400 mil toneladas do grão.
”O aumento no consumo interno provocado pelo crescimento da alimentação em domicílio por efeito da pandemia de Covid-19 resultou na elevação de preços de alimentos básicos, como arroz e feijão”, analisa Sílvio Farnese, diretor de Comercialização e Abastecimento do Mapa. Segundo ele, o incremento da demanda mundial de alimentos com a preocupação da segurança alimentar criou no país um cenário propício ao aumento das exportações de arroz em ritmo recorde em relação aos anos anteriores.
Farnese explica que a pressão do comportamento cambial com a desvalorização do Real e o aumento nas cotações externas agudizaram ainda mais a pressão exportadora, reduzindo a competitividade da importação. “Com isso, o equilíbrio entre a oferta e demanda interna ficou bastante ajustado criando um comportamento favorável à elevação nas cotações internas de forma recorde”, diz.
A produção brasileira de arroz na safra 2019/2020, estimada pela Conab em 11,2 milhões de toneladas, atende ao consumo estimado em 10,8 milhões de toneladas. Para 2021, é esperado um crescimento na produção de arroz de 7,2% em relação à safra anterior.