Com a “desculpa” de que necessita “reagir à digitalização” e fazer uma “readequação de gastos” e “reestruturação financeira” por conta de queda nos lucros, o Bradesco já fechou 683 agências em todo o Brasil até outubro.
De acordo com o presidente da instituição, Octavio de Lazari, o Bradesco pretende, com o corte, economizar cerca de R$ 879 milhões.
Em Rondônia, essa ‘reestruturação’ vai fechar duas agências neste mês de novembro, sendo uma no município de Vilhena e a outra na avenida Prudente de Moraes, no Centro de Porto Velho.
Curiosamente ambas são agências do extinto HSBC, que foi ‘incorporado’ pelo Bradesco no processo de fusão de 2016. Quando tiverem suas atividades encerradas, restará apenas a agência Porto Velho (situada ao lado do terminal rodoviário da capital) como a última do antigo HSBC no Estado.
De acordo com Lazari, “muitas agências ainda serão transformadas em unidades de negócio, que têm um custo de 30% a 40% menor do que as agências, por não contarem com gastos como de vigilante e carro forte, por exemplo”.
Para o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), essa justificativa dada pelo presidente do Bradesco é totalmente inaceitável, pois o Bradesco obteve Lucro Líquido Recorrente de R$ 12,657 bilhões nos primeiros nove meses de 2020. Apesar de ter uma queda de 34,2%, em relação ao mesmo período de 2019, há um crescimento de 29,9% em comparação ao 2º trimestre de 2020 (o lucro do 3º trimestre foi de R$ 5,031 bilhões frente a R$ 3,873 bilhões, no 2º trimestre).
“A verdade é que os bancos acumulam lucros estratosféricos ano após ano, e essa queda recente não chega nem perto de ameaçar o gigantesco patrimônio que vem sendo ampliado todos estes anos, com lucros sucessivos e cada vez maiores. E mesmo quando há uma inédita queda, ainda assim é um lucro altíssimo, que não justifica o fechamento de agências e de postos de trabalho”, avalia José Pinheiro, presidente do SEEB-RO.
O dirigente explica que, quando se fecha uma agência, não são apenas os bancários que sofrerão, pois vigilantes, auxiliares de serviços gerais, atendentes e muitos outros trabalhadores perderão o emprego.
“E além de acabar com o emprego de tantos pais e mães de família num momento de pandemia e tamanha crise econômica, com o país e o mundo enfrentando um cenário de incertezas, o fechamento de agências compromete ainda mais o já precário atendimento aos clientes e usuários que ainda necessitam ir a uma unidade para resolver suas demandas relacionadas ao banco”, destaca Pinheiro.
DEMITIDOS DEVEM PROCURAR O SINDICATO
O Bradesco já demitiu mais de 20 trabalhadores em Rondônia até o final de outubro no Estado. Os trabalhadores que forem demitidos pelo Bradesco devem realizar os exames como ultrassom e ressonância magnética, e juntar os laudos e atestados médicos para que o Sindicato possa pedir a anulação dessas demissões via administrativa.
Em caso de negativa por parte do banco, o Sindicato conta com a assessoria jurídica de um Escritório de Advocacia que possui mais de 25 anos de experiência e vitórias nas ações impetradas em favor dos trabalhadores, principalmente nos casos de reintegração ao trabalho.