Prefeito de Cáceres (distante 220 quilômetros de Cuiabá), Francis Maris Crus (PSDB) demitiu o auditor da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz), C.A.X.G., após este ser denunciado por abusar sexualmente de pelo menos três mulheres nas dependências da pasta.
A decisão foi assinada no dia 27 de maio de 2020 e publicada no Diário Oficial dos Municípios.
C, entretanto, se antecipou ao ato, fez novo concurso (para escrivão da Polícia Civil) e mudou-se para a cidade de Pequizeiro, no Estado do Tocantins.
Ele já era alvo de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) desde abril do ano passado, quando os supostos crimes aconteceram e as denúncias começaram a ser feitas pelas vítimas conforme consta no relatório final de todo o processo publicado juntamente com o decreto assinado pelo prefeito.
Chama a atenção o fato de que uma das três vítimas das violências sexuais sequer trabalhava na Sefaz, pois trabalhava em um comércio de Cáceres; as outras duas eram funcionárias do mesmo setor onde trabalhava o ex-auditor demitido.
A Delegacia Especializada de Defesa da Mulher do município chegou a pedir a prisão preventiva de C., mas a juíza Graciene Pauline Mazeto Corrêa da Costa, da Comarca de Cáceres, negou o pedido e impôs medidas cautelares tais como recolhimento à residência no período noturno, de se aproximar das denunciantes e suspensão das funções de auditor fiscal por um mês.
O inquérito policial foi encerrado e o auditor foi indiciado por estupro. O processo foi enviado pela delegacia ao judiciário.
Conforme os autos do processo, C., tentou pedir exoneração para poder ir embora, mas o município negou porque ele teria cometido infrações graves ao estatuto do servidor público e ao código penal. Ainda assim, logo após passar no concurso em Tocantins e ser aprovado, ele mudou-se e abandonou por conta própria definitivamente as funções de auditor fiscal de Cáceres para ser escrivão de polícia civil de Pequizeiro. Tudo isso sem aparecer na prefeitura nem pra se defender.
Quem se manifestou foi sua defesa, que negou os crimes. “Os fatos narrados são falsos e têm a clara intenção de prejudicar o servidor. Ele não praticou qualquer ato que desabone sua conduta, dentro ou fora das repartições públicas”, afirmou a defesa.
Na delegacia e no PAD, o próprio suposto abusador afirmou que tivera um relacionamento amoroso com uma das vítimas e ela estaria tentando prejudicá-lo por causa do término e as outras duas tinham por hábito pegar carona com ele rotineiramente, até que um dia ele não o fez para dar carona a uma outra mulher. Elas teriam “inventado” os relatos de abuso (que são semelhantes nos três casos) por “ciúme”.
“Ele veio me agarrando, me puxando, tentou abaixar minha saia, ficou me apalpando, abriu a calça, tirou o pênis para fora, pegou minha mão e colocou no pênis dele”, disse a última das vítimas, funcionária do comércio.
Outra colega narrou que ele a atacou quando ela saía do banheiro feminino. “Ele me puxou pro banheiro masculino, tampou minha boca, colocou o pênis pra fora da calça, tentou levantar minha saia, que era rodada embaixo, e começou a se masturbar (…) ele ejaculou e disse que me prejudicaria se eu contasse pra alguém”, disse outra vítima.
A terceira vítima que é casada, teria sido ameaçada e também forçada a entrar no banheiro masculino da Sefaz com o suspeito. “Ele tentou desabotoar minha calça para colocar o pênis em mim, ficou se masturbando e ejaculou no vaso”, contou a última vítima.