Wilson Veneziano, que tinha 85 anos, faleceu na última sexta-feira / Foto: Divulgação

O pesquisador aposentado da Embrapa Rondônia, Wilson Veneziano, faleceu no final da tarde desta sexta-feira, 18, em Vilhena (RO).

Natural de São José do Rio Preto (SP), tinha 85 anos e, atualmente, era produtor rural na região (leia mais AQUI).

 Veneziano, que deixou esposa e três filhos, chegou em Rondônia na década de 70. “Meu pai viveu mais de cinquenta anos no Estado, onde pôde realizar seu trabalho de forma exemplar e com muita dedicação. Como agradecimento por tantas bênçãos recebidas aqui, a família decidiu trazer suas cinzas para serem depositadas nesta terra”, conta seu filho Renato Veneziano.

 O pesquisador era engenheiro agrônomo, com mestrado e doutorado em Fitotecnia e foi precursor das pesquisas com café em Rondônia. Aposentou-se pela Embrapa em fevereiro/2009, deixando um legado para as pesquisas e o desenvolvimento da cultura cafeeira na Amazônia.

“A Embrapa Rondônia, inclusive os empregados mais novos que não tiveram o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, estão sentindo esta grande perda. Ele será sempre lembrado por sua contribuição, dedicação e amor pela cultura do café”, afirma o chefe-geral da Unidade, Alaerto Marcolan.

 DESBRAVANDO O CAFÉ NA AMAZÔNIA

Trabalhou no Centro de Pesquisa Agroflorestal de Rondônia (Embrapa RO), de 1976 a 2009, atuando nas áreas de melhoramento genético e manejo cultural de café arábica (Coffea arabica L.) e C. canephora Pierre (variedade botânica Robusta e Conilon).

No período de 1978 a 2008, liderou a equipe multidisciplinar da Embrapa Rondônia em vários projetos de pesquisa em rede na Amazônia brasileira, financiados pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa Café (Concafé).

Em 1978, foi um dos precursores da pesquisa com cafés (arábica e robusta) consorciados com seringueira no Território Federal de Rondônia. No início da década de 1980, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas – IAC, publicou o primeiro trabalho da Amazônia brasileira sobre controle químico da ferrugem (Hemilea vastatrix Berk & BR.) do cafeeiro (C. arabica, L.) e seus efeitos na produção, nas condições do estado de Rondônia. Nas décadas de 1990 e 2000, indicou oito cultivares de arabica (´Catuaí Vermelho`, ´Mundo Novo` e ´Catimor`), e, sistemas de manejo e de produção para a cafeicultura da Amazônia Ocidental.

Em 1989, novamente em parceria com o IAC, concluiu os estudos e lançou sete variedades seminais de ´Robusta` e ´Kouilou` (Conilon) para Rondônia.

O pesquisador, André Rostand Ramalho, um dos grandes parceiros de Veneziano das pesquisas na Embrapa Rondônia, conta que provavelmente, embora intencionasse, quase sem saber, estava lançando as bases genéticas para o incremento da produtividade, qualidade dos grãos e, principalmente, “descobrindo o caminho” para a irreversível melhoria da qualidade da bebida dos cafés rondonienses que atualmente denominamos de Robustas Amazônicos.

Concluiu seu trabalho na Embrapa Rondônia, deixando praticamente pronta a cultivar Conilon ‘BRS Ouro Preto’, lançada em 2012 para a cafeicultura da Amazônia Ocidental. “Os Pioneiros de Rondônia te agradecem”, conclui Rostand emocionado.

 

sicoob

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