O Valor Bruto da Produção (VBP) dos Cafés do Brasil, que corresponde ao faturamento total das lavouras, tanto de arábica como de conilon, atingiu R$ 34,04 bilhões em 2020. O café conilon com receita de R$ 5,84 bilhões representou em torno de 17% desse faturamento e o café arábica, que atingiu R$ 28,2 bilhões, correspondeu a 83% do total.
Com base nesses números, verifica-se que a cafeicultura participa com aproximadamente 5,7% do faturamento total das lavouras brasileiras, o que coloca o setor café em quinto lugar no ranking do VBP.
O cálculo do faturamento bruto, especificamente para as lavouras, contempla 17 produtos agrícolas e considera os preços médios recebidos pelos produtores rurais, o qual totalizou R$ 598,96 bilhões neste ano de 2020.
O ranking dos cinco produtos que apresentaram o maior faturamento, em ordem decrescente, é o seguinte: soja, em primeiro lugar, figura com R$ 237,74 bilhões, que correspondem a 39,7%; em segundo, milho – R$ 94,57 bilhões (15,7%); cana-de-açúcar, em terceiro – R$ 71,4 bilhões (12%); algodão herbáceo, em quarto – R$ 52,83 bilhões (8,8%); e o café, conforme mencionado, ocupa o quinto lugar, com R$ 34,04 bilhões, montante que representa 5,7% do VBP das lavouras brasileiras.
Com relação à produção total dos Cafés do Brasil em 2020, incluindo as espécies de café arábica e conilon, o volume físico apresentou um aumento de 25% em relação ao ano passado e atingiu o equivalente a 61,62 milhões de sacas de 60kg, produzidas em uma área de 1,8 milhão de hectares.
A produção de café arábica foi responsável por 76,9% do total da produção brasileira com 47,37 milhões de sacas, número que representa um aumento de 38,1% se comparado a 2019. Enquanto a produção de café conilon, com uma redução de 5,1% em relação ao ano passado, atingiu 14,25 milhões de sacas, 23,1% de todo café produzido no Brasil em 2020.
Ao analisarmos exclusivamente os cafés da espécie arábica, a respectiva área em produção aumentou 4,5% e ocupa neste ano 1,51 milhão de hectares, com produtividade média de 31,27 sacas por hectare. Se comparados com a safra anterior, tais números representam um incremento de 38,1% na produção e de 32,2% na produtividade do café arábica, em decorrência principalmente da bienalidade dessa espécie de café que alterna produção menor em um ano com safra maior no outro ano seguinte.
Quanto a produção dos cafés da espécie conilon, se for feita esta mesma análise abordando área em produção e produtividade da safra 2020, em comparação com 2019, contata-se que a área em produção aumentou 1,8% e conta atualmente com 369,6 mil hectares com produtividade média de 38,56 sacas por hectare, número que indica uma queda de 6,7% em relação a produtividade média dos cafés da espécie conilon em 2019.
Os dados e números que permitiram esta análise foram obtidos através do Sumário Executivo do Café – Dezembro de 2020 e do Valor Bruto da Produção – VBP – Novembro 2020, elaborados e divulgados mensalmente pela Secretaria de Política Agrícola – SPA, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa, os quais passaram a ser analisados e estão disponíveis na íntegra no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
Com base nos dados do Valor Bruto da Produção – VBP, se for estabelecido um ranking do faturamento da cafeicultura nas cinco regiões geográficas brasileiras, nota-se que a Região Sudeste ocupa o primeiro lugar com R$ 30,07 bilhões, o que equivale a 88,3% do faturamento total, seguida pela Região Nordeste com R$ 2,07 bilhões (6,1%).
Em terceiro lugar vem a Região Norte com o faturamento estimado em R$ 1,07 bilhão (3,1%), em quarto a Região Sul com R$ 574,76 milhões (1,6%) e, por fim, a Região Centro-Oeste, que tem o faturamento bruto da lavoura cafeeira estimado em R$ 249,33 milhões, montante que corresponde a menos de 1% do VBP dos Cafés do Brasil em 2020.
Ao analisar a evolução do setor, vale destacar que o VBP do café em 2005, ano em que a safra brasileira foi de 32,9 milhões de sacas de 60kg, teve faturamento de R$ 21,26 bilhões. Em 2020, 15 anos depois, a produção total de café no Brasil foi equivalente a 61,62 milhões de sacas, e o VBP calculado em R$ 34,04 bilhões. Assim, verifica-se que a despeito de a produção ter aumentado 89,8% no período, o VBP aumentou 60%.