A presença do agronegócio brasileiro no mercado interno chinês apresentou crescimento com o aumento na demanda por commodities e produtos agrícolas. A conclusão faz parte de um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na quinta-feira 14.
A pesquisa analisou dados referentes às exportações agrícolas brasileiras entre 2014 e 2020 e concluiu que o país ampliou seu market share – participação nas importações chinesas.
Na comparação com seus principais concorrentes, o Brasil possui market share superior nos subsetores soja em grãos, celulose, carne bovina, carne de frango e açúcar. No entanto, ao analisar variáveis da China como produção, consumo doméstico e importação ceteris paribus, o estudo demonstrou que somente nos subsetores de soja em grãos e celulose as importações de produtos brasileiros são uma fração crescente da demanda chinesa.
Os dados analisados foram fornecidos pelo Banco de Dados das Estatísticas do Comércio Internacional das Nações Unidas, além da Administração Geral das Alfândegas da República Popular da China, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil.
O diagnóstico aponta limitações de ordem natural na China, que suprimem a sua capacidade produtiva e resultam no aumento da demanda pelos produtos agrícolas brasileiros.
Na avaliação de Ivan Oliveira, diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, a pesquisa apresenta dados recentes que confirmam o caráter estratégico do agronegócio para a agenda de comércio exterior brasileira. No entanto, ele destaca a necessidade de aprimorar as relações comerciais entre os dois países.
“É preciso discutir novas possibilidades comerciais para reduzir as barreiras de acesso ao mercado, tanto com medidas tarifárias e não tarifárias. Essas medidas podem promover um alargamento nas relações comerciais e o fortalecimento da economia agrícola brasileira”, afirma.
A pesquisa destaca ainda o fato da China ser o país mais populoso do mundo, sendo esperado que enfrente limitações para garantir a soberania alimentar da sua população. Segundo a pesquisadora Scarlett Queen Almeida Bispo, que participou da pesquisa, o processo de desenvolvimento acelerado das suas zonas urbanas do país fez recentemente com que a demanda por alimentos fosse ainda mais crítica.
Esse fato, segundo ela, abriu oportunidade para o Brasil se tornar um dos seus principais fornecedores de produtos agropecuários, ampliando sua posição estratégica no mercado interno chinês, e consequentemente para a balança comercial brasileira.