Na última década, duas doenças animais distintas fizeram com que o Brasil mudasse de posição no ranking dos principais produtores de carne de frango. Uma delas levou o país à vice-liderança mundial, atrás apenas dos EUA. A outra, o recolocou no terceiro lugar. Agora, aparentemente, de forma definitiva, ou seja, cedendo de vez o lugar à China.
À primeira vista, frente à sua população, a China deveria ser o maior produtor mundial de carne de frango. Aparentemente é, mas não para o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) que, em suas estatísticas, desconsidera o produto de origem doméstica (isto é, os não-hibridizados). E isso, historicamente, mantém a China num segundo posto, atrás dos EUA.
Mas em 2016 a China perdeu essa posição. Para o Brasil. Que permaneceu como o segundo maior produtor mundial de carne de frango durante três anos, entre 2016 e 2018. Porque, em essência, a avicultura chinesa foi profundamente afetada pela Influenza Aviária (IA), problema sanitário que, em apenas dois anos, fez sua produção de carne de frango recuar cerca de 15%.
Essa queda poderia ter sido minimizada. Mas ao mesmo tempo em que assistia à dizimação de parte de seu plantel avícola pela IA, o governo chinês proibia a importação de reprodutoras provenientes de países também atingidos pela doença, o que incluía EUA e países europeus, então os principais fornecedores. E isso retardou a retomada da produção.
Foi preciso o surgimento de outra doença – a Peste Suína Africana (PSA) – para que a situação se invertesse. Agora, de forma radical, pois em apenas um ano (2019) a produção de carne de frango da China aumentou perto de 18%, voltando a superar o recorde que permanecia imbatível desde 2015.
Tal desempenho é resultado dos altos investimentos aplicados no setor na tentativa de mitigar a menor disponibilidade interna de carne suína. E faz com que – a despeito de uma vindoura recuperação na produção suinícola – o aumento de produção seja contínuo.
E se, em 2019, o ganho em relação à produção brasileira foi mínimo (diferença inferior a meio por cento), agora tende a ser mais amplo. Os resultados preliminares de 2020 e as projeções para 2021sugerem diferença superior a 5%, índice que tende a avançar nos próximos anos e pode, inclusive, levar a China a superar os EUA, mesmo nas estatísticas do USDA . Em outras palavras, o posicionamento do Brasil como terceiro maior produtor mundial parece ser definitivo.