Leite / Foto: Ilustrativa

Apesar do aumento no preço interno do leite, os altos custos de produção podem prejudicar as margens de rentabilidade, tanto para o produtor quanto para as indústrias do país. De acordo com a última análise de conjuntura da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada na segunda-feira 19, os valores seguiram em alta no mercado, devido à redução da oferta nas principais regiões produtoras, natural do período mais seco do ano.

No entanto, apesar da valorização do preço pago ao produtor, comparado a anos anteriores, e da redução das cotações de milho e farelo de soja em junho, a relação de troca na pecuária leiteira é uma das menores já registradas no acompanhamento da estatal.

Segundo o estudo, no mês de março, considerando a média de preços de mercado, a situação já era pior do que em 2016, período de grande valorização do grão. No Paraná, a relação de troca leite/milho aumentou em relação a maio, mas é 26,5% inferior quando comparado a junho de 2020, ou seja, menor poder de troca do produtor de leite em milho nesta safra. Quanto ao farelo de soja, a relação de troca vem melhorando pelo quinto mês consecutivo, mas ainda abaixo do que já foi observado em períodos anteriores.

“Historicamente, com o início da colheita do milho segunda safra, as cotações do grão tendem a cair”, explica o gerente de Produtos Pecuários da Conab, Fabiano Vasconcellos. “No entanto, a menor oferta de milho nesta safra e, mais recentemente, os danos ocasionados pelas geadas ocorridas no fim de junho, podem voltar a prejudicar essa relação para o setor leiteiro, já que o produto é utilizado na ração animal e, logo, entra na lista de custos dessa área”.

No mercado internacional, apesar da tendência de queda no valor do leite, as cotações continuam em níveis elevados, o que colabora para manter os preços internos valorizados. No primeiro semestre deste ano, o país já exportou o equivalente a 72% do valor total de 2020, chegando a US$ 54,8 milhões no acumulado até junho. É o melhor desempenho do Brasil nesse mesmo período nos últimos quatro anos.

Apesar da valorização das commodities lácteas no mercado internacional, a produção de leite de vaca não deve apresentar um crescimento expressivo em 2021, limitada, entre outros fatores, pela alta dos custos com a alimentação dos rebanhos e as condições de clima no Hemisfério Sul, além de efeitos relacionados à economia devido à COVID-19.

Quanto às importações de derivados lácteos, em termos de valor em dólar, o percentual aumentou 37,2% neste primeiro semestre, em relação ao ano passado. “Mesmo que as cotações no mercado internacional estejam em patamares elevados, o que acabou freando o aumento expressivo de importações observado no primeiro trimestre de 2021, a baixa oferta interna ainda favorece as importações”, ressalta Vasconcellos.

A conjuntura da Conab aponta ainda que os preços internos devem se manter valorizados, mesmo com a expectativa de uma maior produção mundial, à medida que as economias se recuperam e a demanda é restabelecida. Atualmente, a produção de leite sob inspeção no Brasil no primeiro trimestre é 1,8% superior ao primeiro trimestre de 2020. Apesar do cenário agravado por fatores climáticos, que prejudicaram a qualidade das pastagens e silagens, além do elevado custo do milho, a captação de leite dirige-se para ser levemente superior aos últimos anos. Em 2020, a produção total chegou a 25,5 bilhões de litros no país.

Para garantir a rentabilidade dos produtores nesta safra, o Governo Federal também atualizou os preços mínimos do leite in natura, em Portaria publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no início deste mês. Os preços em vigor são de R$ 1,48 (o litro) para as Regiões Sul e Sudeste, R$ 1,39 para o Nordeste, R$ 1,34 para o Centro-Oeste (exceto MT) e R$ 1,21 para a Região Norte e o estado de Mato Grosso. A medida visa a manutenção do produtor nesta atividade, extremamente necessária para a segurança alimentar.

sicoob

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