A Direção Geral da Polícia Civil de Rondônia confirmou esta semana a substituição da equipe do delegado no município de Jaru que conduz o inquérito dos fatos que envolvem o atentado à bala orquestrado em 2018 contra o radialista Hamilton Alves de Melo, titular do programa “Abrindo o Jogo” pela Rádio Nova Jaru FM (94,1).
Hamilton Alves sofreu uma emboscada na BR-364 na tarde do dia 20 de março de 2018 quando retornava em sua caminhonete de Jaru para Ouro Preto do Oeste, o fato aconteceu na altura do último quebra-molas da curva da morte. Dois pistoleiros em uma motocicleta se aproximaram no momento que veículo reduziu a velocidade, e o carona disparou sete vezes com uma pistola .380, acertando cinco tiros no radialista.
No dia 30 de julho de 2018, a Delegacia Regional de Jaru com uma força tarefa da Polícia Civil, designada pelo ex-governador Daniel Pereira, prendeu três vereadores e mais sete pessoas do município de Jorge Teixeira – ex-distrito do município de Jaru.
Dia 12 de outubro do mesmo ano, o ex-prefeito João Paciência foi afastado do cargo sob suspeita de envolvimento no atentado contra o radialista, e por supostas fraudes na contratação de serviço de transporte escolar.
A reportagem do site Correio Central apurou que, após a ida recentemente do radialista a uma audiência com o Delegado Geral da Polícia Civil Samir Fouad Abboud, em Porto Velho, a Direção Geral designou um delegado, dois agentes e um escrivão para trabalhar exclusivamente no caso e dar celeridade ao inquérito.
A relação entre o apresentador e o delegado do caso teria ficado insustentável depois que a autoridade policial responsável pela investigação decidiu processar o investigado, pelo motivo de o mesmo cobrar a prisão dos envolvidos. O radialista ganhou na justiça o direito de continuar cobrando solução para o crime sofrido.
À época do atentado, a Associação brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se manifestou em uma publicação classificando o crime como uma retaliação ao trabalho jornalístico do apresentador que denunciava fraudes nas licitações de transporte escolar e estavam praticando crime contra a administração pública – peculato, corrupção e associação criminosa.
A Abraji publicou em sua reportagem declarações do promotor de Justiça Fábio Casaril, responsável pela curadoria criminal da comarca de Jaru na apuração dos fatos ocorridos. Para a Abraji, o promotor declarou que não havia dúvidas de que a tentativa de homicídio tem relação com a atividade profissional do radialista.
O Committee to Protect Journalists, que é o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York (EUA), através do diretor de Programas Carlos Martínez de la Serna, também emitiu comunicado afirmando que as autoridades de Rondônia deveriam conduzir uma investigação completa sobre o ataque aoradialista e levar os responsáveis à Justiça.
Ante à gravidade da grave violência sofrida pelo radialista, o CPJ chegou a oferecer asilo a Hamilton Alves nos Estados Unidos da América. No entanto, 37 dias após se recuperar parcialmente dos ferimentos, o radialista voltou a fazer o seu programa diário na Nova Jaru FM.
O radialista foi atingido por seis tiros. Uma bala estava alojada no braço, tinha uma perfuração no ombro esquerdo, e outro tiro no antebraço que só perfurou e saiu; ele levou mais dois tiros no tórax, do lado esquerdo, e dois na região da boca, um projetil ficou alojado na bochecha e outro no pescoço.
Um Policial Militar de Rolim de Moura que passava pela BR impediu que o pistoleiro que desceu da moto com a pistola na mão disparasse mais vezes contra o comunicador. Hamilton teve muita sorte, ele esgorjava sangue pela boca, porém foi socorrido por médicos que estavam em trânsito na BR e reposicionaram seu corpo.
Após receber atendimento em Jaru Hamilton Alves foi transferido de avião para Porto Velho pela equipe do serviço aeromédico contratado pelo governo de Rondônia.
Embora a polícia não tenha dado nenhuma declaração pública, o que se deduz, de fato, é que quem encomendou o crime de pistolagem cometido contra o radialista é do meio político. Vale salientar que, todos os presos citados e o prefeito afastado à época eram investigados por suspeita de fraudar licitações do transporte escolar do município.
Hamilton Alves é o segundo profissional da comunicação a sofrer atentado à liberdade de imprensa em 2018, em Rondônia. Em 16 de janeiro de 2018, o jornalista Ueliton Brizon foi assassinado com quatro tiros, em Cacoal.