Após o encarecimento da carne vermelha, os consumidores agora sentem no bolso o peso do aumento no preço da ave. O frango congelado teve um aumento de 56% no período de um ano, aponta um levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
O fato de a ave ter se tornado uma das principais opções de proteína disponível na mesa de muitas famílias, foi um dos motivos que levou ao encarecimento. Segundo o levantamento, em agosto do ano passado o frango congelado era vendido em média, no Estado de São Paulo, por R$ 5,04. Na última semana, o preço médio era R$ 7,89. O índice é a média mensal mais alta registrada desde 2004.
O aumento no preço se dá por diferentes motivos. Um deles é crescimento nas vendas, afirma a Juliana Ferraz, analista de mercado de frango do Cepea. “Essas altas, ressalta-se, buscam acompanhar os elevados custos de produção e garantir a margem de avicultores e de frigoríficos”.
Além do período de início de mês, o retorno das aulas presenciais e o otimismo com a flexibilização das medidas restritivas aumentam a demanda interna por carne de frango, impulsionando os preços. Na parcial de agosto (até o dia 13), o frango inteiro congelado se valorizou quase 6% no atacado e foi cotado R$ 8,13/kg.
No varejo, o quilo do frango congelado chega a ser encontrado por até R$ 10,99 nos supermercados de Rio Preto, de acordo com pesquisa Economize, do Diário. Para se ter uma ideia, o preço mais alto praticado pelo varejo na primeira quinzena de agosto de 2020 era de R$ 7,19. Uma diferença de 52%.
Os açougues da cidade também já sofreram o impacto do reajuste do valor do frango e precisaram repassar os aumentos para os clientes. “Aumentou em um nível em que o preço que eu vendia para os clientes é o mesmo que eu pago atualmente para os fornecedores”, afirma Fabiano Costa Machado, dono do Varejão de Carnes Machado. No estabelecimento, o quilo do filé de frango era vendido ao consumidor a R$ 14,99 no início do mês. Agora, o fornecedor cobra do açougue R$ 14,50 o quilo.
O aumento nos preços têm assutado os consumidores, afirma o empresário, já que carne de frango era a principal fonte de proteína para substituir a carne vermelha. “Está complicado, não tem mais opção de troca, porque o boi tá caro, o frango tá caro, não tem mais nada barato. Os clientes acabam optando hoje em maior parte pelo frango a passarinho, coxa e sobrecoxa, que são cortes mais em conta”, diz.
No mercado de cortes e miúdos, os produtos com maior saída no mercado interno, como o peito e o filé de peito, seguem altamente valorizados e também em patamares recordes. Já os preços de produtos com boa saída no mercado externo, como a asa e o coração, registram aumentos mais tímidos.