A professora estadual Cristina Zulmira de Moraes Guimarães, de 51 anos, que foi autuada Mediante Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) na manhã desta segunda-feira, 30, acusada por funcionárias da saúde e da Universidade Fimca de tumultuar a fila da vacinação contra a Covid-19, procurou a redação do Extra de Rondônia e deu sua versão dos fatos.
De acordo com a servidora pública, que possui 31 anos de carreira, ela e o filho de 12 anos chegaram ao local de vacinação exatamente as 11h10 e foram informados pouco tempo depois de aguardar na fila, que mais ninguém seria vacinado, porque já havia sido encerrado o horário, apesar de ter sido divulgado pela prefeitura, que este seria das 08h às 12h.
“Não cheguei mais cedo, assim como muitas mães, porque tivemos que pegar nossos filhos na escola e a coordenadora da vacinação afirmou que tinham doses, porém, não iriam atender mais ninguém porque o prefeito não paga hora extra e nem dá marmita para os funcionários”, afirmou Cristina.
Revoltada com a situação, Cristiana relatou ter ligado para o prefeito Eduardo Japonês (PV), que a atendeu e entrou em contato logo em seguida com a coordenadora Jaqueline Monte, solicitando informações sobre o ocorrido.
“Depois que o prefeito ligou, a Jaqueline veio até nós e disse que já tinha explicado a ele o que estava acontecendo, mas se alguém quisesse saber informações ligasse pra ele novamente, pois ela não prestaria esclarecimentos”, relatou a professora.
Diante do descaso da coordenadora, Cristina entrou em contato também com o Ministério Público, que não se fez presente e com a reportagem do Extra de Rondônia, que de imediato informou a Assessoria de Comunicação sobre o os fatos e solicitou uma resposta para repassar para as mães.
“Enquanto eu conversava com a imprensa, uma servidora veio em minha direção de forma brusca e meu filho de 12 anos pensou que ela fosse me agredir e por isso se apossou do frasco de álcool e borrifou na direção dela e de outra moça, mas a intenção dele foi me proteger da forma ríspida com a qual fomos tratados e jamais porque teve medo de tomar vacina ou algo do tipo”, afirmou Cristina.
Diante da situação, as servidoras da saúde e funcionárias da universidade acionaram a Polícia Militar e Cristiana preferiu retirar o filho do local para que ele não presenciasse a humilhação que ela afirmou estar passando por algo que lhe é de direito.
“Depois de levar meu filho para a casa da minha mãe eu voltei ao local e uma das funcionárias perguntou onde estava o “machão do meu filho” na frente dos policiais, se referindo a uma criança de 12 anos, o que mostra por total despreparo delas para lidar com a população”, afirmou Cristina, que se emocionou.
Por fim, a servidora afirmou não ter nada a esconder e só registrou a atitude das servidoras para se proteger, mas jamais incitou nenhum tipo de invasão, ao contrário, pediu calma aos pais que também se encontravam revoltados, pois estava em contato com a imprensa e acreditava que alguém do poder público iria ao local, o que não aconteceu.
“Se alguém tiver dúvidas sobre o que de fato aconteceu lá eu sugiro que acesse as imagens das câmeras de segurança e verão que em momento nenhum eu agi como me acusam, só estava lutando pelo direito do meu filho em ser vacinado no horário estipulado pela prefeitura, pois uma familiar minha levou o filho na Unesc depois das 11h30 e ele foi vacinado”, concluiu a servidora pública.
O OUTRO LADO
Em contato com Jaqueline Monte, que coordenou a vacinação, a reportagem foi informada de que foram entregues 150 fichas e que por volta das 11h foi realizado um levantamento sobre quantas pessoas ainda tinham na fila e quantas poderiam ser atendidas até as 12h.
“Após o levantamento, devido à fila estar dobrando a na esquina, informamos aos pais que de fato todos não poderiam ser atendidos, mas cerca de cinco mães permaneceram no local, e incitadas pela professora invadiram o prédio que é privado, sendo apenas emprestado para a realização da campanha”, relatou Jaqueline.
Por fim, a servidora afirmou que mesmo com o levantamento prévio realizado no local, o horário excedeu 45 minutos e os pais que invadiram o prédio, acabaram atrapalhando a vacinação de quem de fato havia chegado antes e adquirido uma ficha como determinado pela secretaria de saúde.
“Pedimos, por favor, que se retirassem, mas os pais não respeitaram e por isso acionamos a Polícia Militar, apenas para manter a ordem no local”, concluiu a servidora.
Em nota a secretaria de saúde lamentou o ocorrido e informou que está fazendo o máximo possível para atender a todos, com mobilização intensa desde o dia 20 de janeiro, quando a campanha Vilhena Protegida começou.
CONFIRA NOTA NA ÍNTEGRA
A vacinação nesta segunda-feira aconteceu além do horário anunciado, sendo que a última dose foi aplicada às 12h45. No entanto, a partir das 11h20, na portaria da Fimca, a admissão de novas pessoas na fila foi interrompida, visto que no interior da faculdade já havia muitas pessoas aguardando para serem vacinadas, o que já extrapolaria o horário de trabalho dos servidores e acadêmicos (como de fato aconteceu, passando 45 minutos do horário previsto).
Nesta manhã foram vacinadas mais de 800 pessoas na Fimca e mais de 1 mil na Unesc. Porém, as cerca de 20 pessoas que chegaram após as 11h20 foram informadas que deveriam retornar em nova data, ainda a ser divulgada, provavelmente nesta semana. Diante da recusa das mães em irem embora, houve tentativa de arrombamento da faculdade, conforme boletim de ocorrência registrado pela coordenação da instituição. Os Policiais Militares, já no local, orientaram as mães a ir embora, seguindo as orientações dos profissionais de saúde e da coordenação da entidade, mas houve resistência e mais discussões.
Neste momento, um menor de idade que iria ser vacinado passou a causar confusão no recinto, mordendo a vacinadora, correndo e jogando álcool 70% no rosto das profissionais de saúde. A fim de conter o tumulto interno e externo, houve atraso na aplicação das doses para aqueles que já tinham senhas e também dificuldade na comunicação com quem ainda desejava ser vacinado.
O Setor de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde lamenta o ocorrido e informa que está fazendo o máximo possível para atender a todos, com mobilização intensa desde o dia 20 de janeiro, quando a campanha Vilhena Protegida começou. Os profissionais pedem a compreensão da população frente ao grande esforço que está sendo feito, nas mais de 80 mil doses já aplicadas. A Saúde garante que as entregas de vacinas estão cada vez mais frequentes e qualquer pessoa que perder o dia estipulado para sua idade poderá se vacinar poucos dias à frente, devido ao aumento na disponibilidade das doses pelo Governo Federal. Todos que não se vacinaram no dia estipulado têm direito garantido de receber a imunização em data posterior, se houver primeiras doses.
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