BOLSONARISMO
Ontem, dia da Independência do Brasil, os bolsonarista foram as ruas pedir fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e, como era esperado, espinafrar a imprensa (aquela que não se acovarda nem se amedronta com os déspotas).
Foi um aglomerado de seguidores enraivecidos e intolerantes que vociferavam palavras de (des)ordem contra a democracia. A mesma que garante à essa horda o direito de protestar e vociferar as barbaridades que eram viralizadas em tempo real.
LOGOMANIA
Bolsonaro não economizou na verbosidade e insultou de canalha o ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte. Em seus discursos em Brasília e em São Paulo o país assistiu perplexo o chefe de estado em estado explosivo intermitente ameaçar adversários, espezinhar a constituição e achincalhar as instituições.
AMEAÇAS
O suposto golpe anunciado pelos seguidores do presidente horas antes e durante todo o protesto não se concretizou; não há golpe, não haverá golpe. Sobraram berros de insensatez e faltaram aos organizadores uma manda maior para levar a fim e ao cabo as ameaças vociferadas. O país amanheceu com um jeito de quarta-feira de cinzas, mas para os bolsonaristas o dia de hoje parecia finados.
RONDÔNIA
Alguns rondonienses foram arrebanhados para comparecer ao protesto em Brasília com as despesas todas pagas por algum afortunado. O vice-governador, José Jordan, era um dos mais agressivos na capital federal. Em entrevistas a mídia brasiliense o vice atacou o Poder Judiciário e propôs a ruptura com a Carta Cidadã ao sugerir uma nova constituição. Jordan chegou um dia antes no local do protesto e gravou vários vídeos desancando a democracia e satanizando o Supremo Tribunal Federal.
GASTOS
Já que é um empresário abastardo, é possível que os gastos do vice-governador de Rondônia para protestar em Brasília tenham sido pagos com os próprios recursos. Tanto ele quanto outros membros do primeiro escalão do governo estadual que participaram do ato deveriam tornar público tais despesas para dissipar as desconfianças que surgiram nos grupos de WhatsApp sobre os gastos com as presenças dos membros desta comitiva rondoniense na capital federal.
CONTRAGOLPE
Os petistas também organizaram um protesto para minimizar os efeitos do movimento bolsonarista. O número de petista que se dispôs a ir as ruas no dia de ontem foi infinitamente menor que o de filiados ao partido e numericamente inferior aos bolsominions. Não houve golpe nem muito menos contragolpe. Mas a popularidade atual do capitão da nau verde e amarelo é bem menor que a do marujo da embarcação dos vermelhos.
ROLANDO LERO
O senador Marcos Rogério (DEM), principal escudeiro de Jair Bolsonaro na CPI do Covid, voltou a aparecer, após dias tensos em Rondônia, para acusar a imprensa de estar contra a liberdade de opinião. Para ele, a manifestação dos partidários do Presidente da República pedindo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Federal, considerado pela imprensa de atos antidemocráticos, é normal.
INCONGRUENTE
Pelo raciocínio do senador, as pessoas têm o direito de manifestar livremente a opinião mesmo que ela atente contra a constituição federal. Ele (Marcos Rogério) esquece que propor ruptura da carta maior e insultar pessoas, como ocorreu neste 7 setembro, é crime. A incongruência do senador é comparada as falas do personagem Rolando Lero, da escolinha do seu Raimundo. Candidato a candidato a governador de Rondônia pela horda bolsonarista, Marcos Rogério tem se esmerado para superar o presidente quando o tema é democracia. Fala pelos cotovelos, e não diz nada com nada.
DIFERENÇAS
Mesmo o coronel Marcos Rocha, eleito governador pela onda bolsonarista, autointitulado amigo siamês do presidente, optou pela discrição no dia de ontem. O coronel Rocha nunca escondeu a admiração pelo capitão e nem por isto culpou a imprensa ao tratar dos eventuais excessos do chefe da nação. Enquanto o governador de Rondônia preza pela circunspecção, o senador adota o estilo atirado e beligerante. Embora ambos comunguem das mesmas ideologias.
PRERROGATIVAS
O OAB reagiu firme e corretamente contra a convocação pela CPI do Covid da advogada Karina Kufa, defensora do presidente Jair Bolsonaro. Coube ao conselheiro federal de Rondônia, Alex Sarkis, reagir contrário a convocação em nome da entidade nacional. O advogado é essencial a distribuição da justiça e não pode ser intimidado por quem quer que seja em razão do seu cliente: seja ele presidente, seja ele o mais abominável entre os homens. Sarkis engrandece a advocacia brasileira ao reagir com firmeza ao ato autoritário da Comissão Parlamentar de Inquérito que atenta contra as prerrogativas da colega convocada.